Durante a antestreia mundial no sábado em Los Angeles, o realizador Rian Johnson convidou todos os atores e outros elementos da produção a subirem ao palco para uma homenagem emocionada. A seguir, os 6.300 convidados, entre eles milhares de fãs que conseguiram um passe especial, uniram-se num grande aplauso quando ela apareceu no grande ecrã.

Pouco se sabe ainda sobre a história de "Star Wars: Os Últimos Jedi", mas há um facto incontornável: este é o último filme da saga com Carrie Fisher.

O cinema já teve de lidar com filmes "póstumos" e até existiram casos recentes também muito famosos, como foram os da morte de Heath Ledger alguns meses antes de podermos ver a sua criação como o Joker em "O Cavaleiro das Trevas" (2008) e de Paul Walker em pleno intervalo da rodagem de "Velocidade Furiosa 7" (2015).

Mas no caso da saga mais popular do mundo, em que nos habituámos a ver mortes marcantes desde o primeiro "A Guerra das Estrelas", esta é a primeira vez que um dos seus filmes será um pouco mais do que uma fantasia que se passa numa galáxia muito distante: falecida há quase um ano vítima de paragem cardíaca, já depois de ter rodado todas as suas cenas do Episódio VIII, a atriz tem agora uma segunda despedida por parte dos seus fãs, que a veneram há 40 anos como a Princesa Leia.

Star Wars: The Last Jedi Premiere

Quem já viu o filme, que é lhe é dedicado após os créditos finais, garante que será uma grande catarse. E Adam Driver explicou que vê-la agora trouxe "uma ressonância ao filme que não era intencional quando o estávamos a rodar; é surreal vê-la outra vez. O que Rian fez com a sua personagem é muito satisfatório como fã do filme e como alguém que a conheceu. É uma grande homenagem a ela enquanto pessoa".

Toda esta situação, como se sabe, escapou ao plano tanto do Disney como da Lucasfilm: "Os Últimos Jedi" foi pensado para ser o filme de Luke Skywalker (Mark Hamill), depois de, para frustração de muitos, só ter aparecido nos últimos segundos de "O Despertar da Força" (2015).

Em entrevista ao The New York Times, Rian Johnson, que vai supervisionar uma nova trilogia, assumiu, sem plural, que Luke é mesmo "o último Jedi" e que o coração da história do filme é a sua relação com Rey, a heroína da nova trilogia interpretada por Daisy Ridley.

Para Carrie Fisher e a agora General Leia Organa estava reservado um lugar muito mais central no Episódio IX. Presumivelmente relacionado com o seu filho, Ben Solo (Adam Driver), que cedeu ao lado negro da Força e agora responde pelo nome de Kylo Ren. Afinal, por muito vasta que seja a galáxia, as suas tragédias e triunfos na luta do Bem contra o Mal, o coração da saga foi sempre a família e a ideia de redenção.

"Ela estava a divertir-se imenso", recordou Kathleen Kennedy em maio à Vanity Fair.  "Assim que acabou [as suas cenas], agarrou-me e disse 'É melhor mesmo que eu esteja no centro do IX. Porque o Harrison [Ford] esteve à frente e no centro no VII e Mark [Hamill] está à frente e no centro no VIII. Ela pensou que o IX seria o seu filme. E teria sido".

Não seria a primeira vez que o estúdio ou alguém ligado aos filmes lança pistas falsas para tentar despistar, mas Rian Johnson garante que o realizador J.J. Abrams e o próximo filme, previsto para 2019, é que terão de decidir o destino de Leia. Bob Iger, CEO da Disney, já garantiu que não seriam usados efeitos especiais para ressuscitar a personagem no futuro, como aconteceu com o falecido Peter Cushing para "Rogue One" o ano passado.

Portanto, o papel de Carrie Fisher em "Os Últimos Jedi" não foi alterado para fazer uma "despedida" e iremos vê-lo tal como estava planeado e não como aquilo em que se transformou: no testamento da personagem que definiu a sua carreira e muita da sua personalidade pública como estrela de cinema.

"Quando ela faleceu, estávamos bastante mergulhados na pós-produção. Foi muito difícil quando voltámos à sala de montagem após o Ano Novo. Revimos todas as suas cenas. Achei essencial que não mudássemos a sua interpretação. Não ajustamos o que lhe acontece neste filme. Agora que ela partiu, não conseguimos evitar recontextualizar emocionalmente. É quase misterioso como existem cenas que têm uma ressonância emocional e um significado, principalmente agora. Ela dá uma interpretação bonita e completa neste filme".

Mas isto não quer dizer que o seu papel em "Os Últimos Jedi" seja discreto. John Boyega (Finn) garante que Leia Organa não está à margem da luta da Resistência contra as forças da Primeira Ordem, num momento especialmente complexo do conflito.

E tranquilizou os fãs: "Este filme, faz uma despedida de uma forma espantosa. E ela continua viva nesta saga. É essa a beleza: num certo sentido, ela vive para sempre."

"Star Wars: Os Último Jedi" estreia esta semana em Portugal.

Veja o trailer do filme: