O anúncio foi feito hoje na página oficial do Man Booker International Prize, prémio atribuído anualmente às melhores obras de ficção traduzidas para a língua inglesa.

Entre os 13 selecionados para este prémio e, posteriormente, eleito entre os seis finalistas, estava o também israelita Amos Oz, com “Judas”, o mais recente romance do escritor, também publicado em Portugal.

O prémio é atribuído todos os anos a um único livro, traduzido para inglês e publicado no Reino Unido, sendo elegíveis tanto romances, como coleções de contos. O trabalho dos tradutores é igualmente recompensado

O vencedor recebe um prémio de 50 mil libras (mais de 57 mil euros), a ser dividido entre autor e tradutor da obra.

O romance vencedor este ano gira em torno da vida de um comediante que se vai revelando durante uma atuação noturna num espaço de “stand-up”, na cidade de Cesárea, e, através da atuação, entre o comediante e o público começa a desvendar-se uma história mais profunda, que irá alterar a vida dos membros da audiência.

Nick Barley, presidente do Man Booker 2017, considerou na página oficial do prémio que este livro “lança uma nova luz sobre os efeitos da tristeza, sem traços de sentimentalismo”.

“Deixaram-nos boquiabertos os riscos emocionais e estéticos que Grossman assume: cada frase conta, cada palavra conta, neste exemplo supremo de arte de um escritor”, declarou Nick Barley.

David Grossman, nascido em Jerusalém em 1954, começou a sua carreira como jornalista e foi despedido da radio devido às suas coberturas críticas de Israel.

Escreve literatura desde os anos 1970 e é autor de obras traduzidas em português, como “Ver: amor”, “Até ao Fim da Terra”, “Em Carne Viva” ou “O Mel do Leão”.

Conhecido pela sua postura crítica em relação à política de ocupação israelita de territórios palestinianos e comprometido com o processo de paz, o autor de 63 anos perdeu o seu filho Uri, na segunda guerra do Líbano, em 2006.

Além de David Grossman e Amoz Oz, chegaram à final do Man Booker International Prize os escritores Dorthe Nors, da Dinamarca, com “Mirror, Shoulder, Signal”, o francês Mathias Énard, com o romance "Compass" (“Bússola", na edição portuguesa), o norueguês Roy Jacobsen, com o romance “The Unseen”, e a argentina Samanta Schweblin, com "Fever dream”.

Em 2016, o prémio internacional Man Booker foi vencido pela sul-coreana Han Kang, juntamente com a sua tradutora Deborah Smith, pelo romance “A vegetariana”, publicado em Portugal em setembro.