A Netflix chegou a acordo para recomeçar a produção da sexta e última temporada de "House of Cards", depois do escândalo sexual que envolve Kevin Spacey.  De acordo com Ted Sarandos, diretor de conteúdos da Netflix, a produção será retomada em 2018, mas sem o ator que dava corpo a Frank Underwood, o protagonista.

"Chegámos a um acordo para terminar a série", frisou o responsável do serviço de streaming esta segunda-feira durante a UBS’s Global Media and Communications Conference, em Nova Iorque, acrescentando que os novos episódios serão protagonizados por Robin Wright.

A sexta e última temporada terá oito episódios. Para já, ainda não foi revelada a data de estreia.

Netflix demitiu Kevin Spacey

No início de novembro a Netflix tinha demitido Kevin Spacey, deixando no entanto no ar a possibilidade de ainda assim ter uma temporada final da série. “A Netflix não estará envolvida em mais nenhuma produção de ‘House of Cards’ que inclua Kevin Spacey. Continuaremos a trabalhar com a MRC [a produtora Media Rights Capital] durante esta interrupção para avaliar o nosso futuro caminho no que toca à série”, indicou a plataforma digital em comunicado na altura.

Os argumentistas da série estariam já nesta altura a introduzir mudanças no guião da sua sexta e última temporada precisamente para que a história não inclua Frank Underwood, o personagem interpretado por Kevin Spacey.

A revista especializada Variety apontava na mesma direção, citando fontes que asseguram que os produtores da série estão a estudar a possibilidade de “matar” o personagem para que não apareça na próxima temporada.

Segundo testemunhos recolhidos pelo The Hollywood Reporter, o guião da sexta e última temporada de “House of Cards” estava praticamente finalizado antes de o ator Anthony Rapp ter acusado Kevin Spacey de assédio sexual, dando conta de um caso que remontará ao ano de 1986, quando ambos tinham 14 e 26 anos, respetivamente.

A publicação indicou que os dois primeiros capítulos dessa nova temporada já tinham sido gravados e que a preparação do terceiro estava em curso quando o escândalo estalou.

A rodagem da série foi suspensa por tempo indeterminado pela plataforma digital pouco depois de serem conhecidas as denúncias contra Kevin Spacey, duas vezes vencedor do Óscar.

Fontes da revista detalharam que essa paragem se deveu ao facto de os responsáveis da série quererem dar margem aos guionistas para introduzir as mudanças necessárias no guião para fazer desaparecer dele Spacey, que também é produtor executivo da série.

Segundo a CNN, oito atuais e antigos funcionários de “House of Cards” acusaram Spacey de ter tornado tóxico o ambiente da produção da série, por causa do assédio sexual.

O contrato de Spacey

A história centrada em Frank Underwood poderia não continuar, se esse fosse o desejo do ator. Segundo a imprensa norte-americana, na prática, o contrato de Spacey impossibilitaria a continuação da série sem a sua participação.

De acordo com as fontes que analisaram o documento, o contrato do ator não tem numa alínea sobre maus comportamentos, o que impediria o despedimento do protagonistas devido às acusações de assédio e abuso sexual. O The Independent explica ainda que Kevin Spacey só poderia deixar a produção da Netflix se estiver "indisponível" ou "incapacitado".

O anúncio de Ted Sarandos dá a entender que ambas as partes terão chegado a um acordo para que a série pudesse seguir em frente.

As acusações de assédio sexual

No fim de outubro, o ator Anthony Rapp, que fez carreira em vários musicais da Broadway e participa na série "Star Trek: Discovery", acusou Kevin Spacey de ter feito uma "investida sexual agressiva" contra si depois de uma festa em Nova Iorque em 1986, quando tinha 14 anos e Spacey 26.

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Esta primeira denúncia levou Kevin Spacey a assumir a sua homossexualidade e também a garantir que não se recordava do episódio relatado pelo ator apesar de ter dito que, se realmente aconteceu, lhe devia “sinceras desculpas” pelo seu comportamento.

“Honestamente, não me lembro do encontro, deve ter sido há mais de 30 anos, mas se eu me comportei como ele descreve, devo-lhe sinceras desculpas pelo que deve ter sido um comportamento de bêbado, profundamente inadequado, e eu lamento muito pelos sentimentos que descreve ter carregado durante todos estes anos”, escreveu na rede social Twitter.

Entretanto, surgiram outras acusações do realizador Tony Montana, do ator americano Harry Dreyfuss e do ator mexicano Roberto Cavazos, precisamente de um ex-funcionário do teatro londrino Old Vic, o que originou o inquérito, bem como de um jovem de 18 anos.

Para além de ter sido demitido da série "House of Cards", as cenas de Kevin Spacey no filme "Todo o Dinheiro do Mundo" foram refilmadas com Christopher Plummer.

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