A organização do Festival de Cannes admitiu que a edição de 2020 dificilmente poderá avançar "no seu formato original" para causa da COVID-19.

A admissão era esperada após Emmanuel Macron ter anunciado na segunda-feira à noite (13) que o confinamento no país vai durar até 11 de maio, com o seu fim a ser "progressivo", e eventos com grandes aglomerados de público a permanecerem proibidos "pelo menos até meados de julho".

Inicialmente, o Festival tinha apenas adiado a edição deste ano de maio para uma data a anunciar entre o final de junho e início de julho, antes de começar a época balnear mais intensa naquela cidade francesa.

Reconhecendo que isso deixou de ser uma "opção" após as declarações do o presidente francês, a organização revela que está a procurar alternativas.

"Desde ontem à noite que começámos muitas discussões com profissionais, na França e no estrangeiro. Eles concordam que o Festival de Cannes, um pilar essencial para a indústria do cinema, deve explorar todas as opções que permitam apoiar o ano de Cinema, tornando Cannes 2020 uma realidade, de uma forma ou de outra", revela o comunicado desta terça-feira (14).

"Quando passar a crise da saúde, cuja resolução continua a ser a prioridade de todos, teremos de reiterar e provar a importância do cinema e o papel que o seu trabalho, artistas, profissionais, cinemas e os seus públicos desempenham nas nossas vidas", reforça a organização.

COVID-19: Festival de Cinema de Cannes virtual está fora de questão
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O Festival de Cannes é o maior festival e montra de cinema do mundo, essencial tanto para dar visibilidade aos filmes.

Todos os anos em maio, cerca de 40.000 pessoas são credenciadas para o festival e o mercado de filmes que é organizado paralelamente. Nesta época, a pequena cidade da Côte d'Azur francesa triplica a sua população para 74.000 habitantes.

Entre os muitos acontecimentos nas secções oficiais e paralelas, destacaram-se no ano passado as antestreias mundiais de títulos como "Parasitas", que viria a ganhar em fevereiro o Óscar de Melhor Filme, "Era Uma Vez em... Hollywood" ou "Os Miseráveis", bem como a apresentação internacional de "Dor e Glória".

Em 72 edições, Cannes só foi cancelada uma vez e foi a meio do evento, em maio de 1968, por causa dos protestos socioeconómicos que agitavam então a sociedade francesa.