A Walt Disney Company acabou com o boicote ao Los Angeles Times (LAT), um dos maiores jornais dos EUA.

A mudança estratégica surge após as críticas gigantescas que tinham surgido por causa da sua decisão de banir redatores e editores do jornal dos visionamentos dos seus filmes como retaliação pela cobertura noticiosa que o LAT fez dos negócios entre a Disney e a cidade de Anaheim (Califórnia), em que denunciava alegadas práticas ilegais.

Na sexta-feira passada, a Disney disse que a série de reportagens que o Los Angeles Times fez em setembro, detalhando o que caracterizou como um relacionamento complicado e cada vez mais tenso entre Anaheim e a companhia demonstrou “um completo desrespeito pelos padrões jornalísticos básicos” e acrescentou que o jornal publicou “uma reportagem tendenciosa e imprecisa, inteiramente conduzida por uma agenda política”.

Daniel Miller, o repórter do Los Angeles Times que escreveu a série de reportagens, escreveu na sua conta de Twitter que “a Disney nunca pediu uma correção”.

Num comunicado enviado ao New York Times, a multinacional diz que decidiu voltar a dar acesso aos visionamentos após "discussões produtivas" com a nova liderança do LAT sobre "preocupações específicas".

A retirada da proibição pôs fim a um confronto entre aquele que é considerado o mais poderoso estúdio de Hollywood e os meios de comunicação que normalmente escrevem sobre os seus filmes.

“O Los Angeles Times fez a cobertura da Walt Disney desde a sua fundação, aqui em Los Angeles, em 1923”, afirmou o jornal, em comunicado. “Esperamos poder continuar a noticiar bem sobre a Disney no futuro”, acrescentou.

Os críticos de cinema de Los Angeles, Nova Iorque e Boston tinham anunciado que os filmes do estúdio ficariam excluídos de futuros prémios até este se retractar publicamente.

"As atitudes da Disney, que incluem um boicote a qualquer interação com o The Times, são antiéticas no que respeita aos princípios de uma imprensa livre e abre um perigoso precedente num período já de grande hostilidade para com os jornalistas", dizia o comunicado conjunto lançado esta terça-feira.

Outros meios de comunicação social também expressaram solidariedade com o LAT: críticos do The New York Times e Washington Post declararam que não iriam fazer a cobertura dos próximos filmes do estúdio, que incluem "Coco", a nova animação da Pixar, e "Star Wars: Episódio VIII - Os Últimos Jedi".

O The New York Times salientou ainda em comunicado que o comportamento da Disney era “um perigoso precedente e não era, de todo, do interesse público”.

Do lado da imprensa também ficou a realizadora Ava DuVernay, que acabou recentemente de fazer "A Wrinkle in Time" para a Disney.

Apesar da "marcha-atrás" no boicote, consta que a Disney vai manter uma certa retaliação, não dando ao LAT o mesmo tipo de acesso aos seus parques temáticos que outros jornalistas podem receber.