O Governo italiano, liderado por Giorgia Meloni, designou o jornalista e escritor Pietrangelo Buttafuoco, conhecido pelas posições de defesa dos movimentos de extrema-direita, para presidir a Bienal de Veneza.

A nomeação foi confirmada por fontes do Ministério da Cultura à imprensa italiana, especificando que se trata ainda de "uma proposta" a ser submetida às comissões de cultura da Câmara e do Senado de Itália. Uma formalidade, já que a coligação governamental conta com maioria.

Apoiantes da coligação governamental citados hoje pela revista The Arts Newspaper reagiram, afirmando que a escolha eliminará o domínio da esquerda sobre a Bienal de Veneza, enquanto a oposição acusou o governo de estar a atacar as instituições culturais do país.

A Bienal de Veneza, com 128 anos de atividade, organiza os festivais de arte, arquitetura, cinema, dança e teatro, que se encontram entre os mais antigos a nível mundial, e que constituem uma referência nas diferentes áreas.

Buttafuoco, autor de "Beato lui" ("Bendito seja ele"), 'biografia-homenagem' a Silvio Berlusconi, provém da Frente da Juventude do Movimento Social Italiano – partido de inspiração neofascista antecessor dos Irmãos de Itália, de Georgia Meloni -, e começou a carreira de jornalista em publicações de extrema-direita, como indicam agências internacionais de notícias.

Foi presidente do Teatro Stabile de Catania, sua cidade natal, de 2007 a 2012, e atualmente é presidente do Teatro Stabile d’Abruzzo de Aquila.

Buttafuoco foi também um dos nomes propostos para presidente da região da Sicília pela Liga Norte de Matteo Salvini, atual vice-presidente do Governo e ministro das Infraestruturas e Transportes.

A designação de Buttafuoco para a Bienal de Veneza surgiu como rumor em Itália na quinta-feira, depois de um senador dos Irmãos de Itália, Raffaele Speranzon, originário de Veneza, ter festejado a nomeação nas redes sociais, como sinal do termo "do feudo da esquerda" nas artes italianas.

"Buttafuoco promete uma mudança que o governo Meloni deseja imprimir em todas as áreas culturais e sociais", disse Speranzon, do partido da primeira-ministra, citado pela agência Efe.

A designação também foi aplaudida pelo presidente da região de Veneza, Luca Zaia, membro da Liga do Norte, que vê em Buttafuoco a possibilidade de "promover a arte e a cultura em áreas ainda não exploradas", segundo um comunicado citado pela agência espanhola.

Nascido na Sicília em 1968, Buttafuoco foi dirigente da Frente da Juventude do Movimento Social Italiano, grupo de caráter neofascista que substituiu o partido Aliança Nacional, do qual surgiram os Irmãos de Itália.

O mandato do atual presidente da Bienal, Roberto Cicutto, termina em março de 2024.