O presidente executivo da Disney assumiu que as recentes produções da Marvel e Pixar são "desilusões" para o estúdio, em declarações que estão a ser descritas como frontais e ousadas pela imprensa especializada nos EUA.

Bob Iger reconheceu que vários lançamentos recentes da Disney não corresponderam às expectativas comerciais e para isso terá contribuído uma diluição da atenção dentro do estúdio por causa do aumento da produção para a plataforma de streaming Disney+.

“Houve algumas desilusões. Gostaríamos que alguns dos nossos lançamentos mais recentes tivessem um desempenho melhor", disse o CEO numa entrevista ao canal CNBC na quinta-feira, durante a conferência anual de Sun Valley em Idaho, também conhecida como o “acampamento de verão para multimilionários".

"Isto reflete não um problema do ponto de vista pessoal, mas acredito que, no zelo para essencialmente aumentar significativamente o nosso conteúdo, para corresponder principalmente à oferta de streaming, acabámos por sobrecarregar o nosso pessoal muito para lá do que tinham sido em termos do seu tempo e da sua atenção", explicou Iger, que também viu esta semana prolongado até 2026 o seu mandato como CEO, cargo que ocupou entre 2005 e 2020, e retomou em novembro de 2022.

"A Marvel é um ótimo exemplo disso", acrescentou, referindo-se ao estúdio que, após "Avengers: Endgame em 2019, viu todos os seus lançamentos prejudicados nas bilheteiras pela pandemia e um acolhimento menos favorável dos fãs, com exceção de "Guardiões da Galáxia, Vol. III". No início deste ano, "Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania", foi mesmo um fracasso comercial depois de um elevado investimento. -

"Eles não estavam na indústria da TV a qualquer nível significativo. Não só aumentaram a produção de filmes, mas acabaram por fazer várias séries e, sinceramente, diluíram o foco e a atenção. Mais do que o resto, acho que razão foi essa", indicou.

Bob Iger também assumiu a desilusão comercial da animação "Elemental", a mais recente estreia da Pixar, atribuindo-a ao lançamento consecutivo de vários filmes do estúdio no Disney+ durante a pandemia, mas acrescentando que alguns ficaram criativamente abaixo do habitual.

"Houve três lançamentos consecutivos da Pixar que foram diretamente para o streaming, principalmente por causa da COVID-19. E acho que isso pode ter criado uma expectativa no público de que os filmes eventualmente irão para o streaming e provavelmente depressa, e não havia uma urgência [para os ir ver no cinema]. E acho que se tem de concordar que também existiram alguns erros criativos", disse.