Lançado em 2004, "Tróia" foi um dos filmes na senda do sucesso gigantesco de "Gladiador" (2000), um épico à moda antiga que abordava, à maneira de Hollywood, a "Ilíada" de Homero.

Brad Pitt, Eric Bana, Orlando Bloom, Brian Cox, Sean Bean, Brendan Gleeson e Peter O'Toole, e Diane Kruger no seu primeiro filme norte-americano, eram os rostos da história das últimas semanas da Guerra de Tróia, desencadeada após o príncipe Páris raptar Helena, rainha de Esparta, "o rosto que lançou mil navios" para um combate sangrento e, eventualmente, o embate entre o príncipe Heitor e Aquiles.

"Ilíada" foi escrito há mais de 2800 anos, mas Orlando Bloom precisou de muitos menos para varrer da sua memória o filme realizado por Wolfgang Petersen: durante uma entrevista para a revista Variety onde foi desafiado a associar diálogos aos respetivos filmes da carreira, ficou completamente em branco com uma da sua personagem Páris.

Pensando que poderia ser de “Reino dos Céus” ou mesmo de “O Senhor dos Anéis”, disse ao saber a resposta certa: “Oh meu Deus, ‘Tróia’. A propósito, acho que apaguei esse filme da minha memória. Tantas pessoas adoram-no, mas para mim interpretar aquela personagem foi como [cortar a garganta]. Tenho autorização para dizer todas estas coisas? Não queria fazer o filme. Não queria interpretar esta personagem”, admitiu.

Mais conciliador, acrescentou: “O filme foi ótimo. Era o Brad. Era o Eric e o Peter O’Toole. Mas como vou interpretar esta personagem? Era completamente contra tudo o que acredito. A certa altura, [o argumento] dizia que o Paris se arrasta pelo chão depois de ter sido espancado por alguém e segura a perna do irmão. Fiquei do género ‘Não vou ser capaz de fazer isto’. Um dos meus agentes na época disse: ‘Mas essa é a cena decisiva!’ E eu deixei-me completamente levar por essa conversa. Acho que foi por isso que apaguei isso da minha memória”.