Roman Polanski irá tentar contestar a decisão de expulsão anunciada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, anunciou o advogado do realizador à Vanity Fair.

"Queremos que se sigam as regras. Não é pedir demasiado da Academia ou é?, afirmou Harland Braun, que diz que a organização não deu dez dias ao seu cliente para apresentar a sua defesa, como teria direito.

"Foi um desastre completo no sentido que eles não cumpriram as suas próprias regras. Fizeram um curto-circuito completo. É chocante que sejam tão injustos", defendeu.

Óscares: Academia expulsa Bill Cosby e Roman Polanski
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Roman Polanski foi expulso com base no célebre caso em que admitiu ter tido sexo com uma rapariga de 13 anos em 1977. O realizador abandonou os EUA após cumprir uma pena de 42 dias quando soube que o acordo com as autoridades tinha sido rejeitado pelo juiz do caso e iria novamente para a prisão. Desde então nunca mais regressou e posteriormente foi também já acusado de violação e assédio sexual por outras mulheres, casos que nunca foram levados a julgamento.

Nada disto impediu que ganhasse o Óscar de Melhor Realização de 2002 por "O Pianista" e mesmo ausente fosse aplaudido de pé na cerimónia por uma vasta parte da audiência, formada pelos membros da Academia.

A vítima de 1977, Samantha Geimer, agora com 55 anos, criticou a decisão de expulsão, que descreve como propaganda.

"Em relação à Academia expulsar um membro que há 41 anos se deu como culpado de uma única acusação e cumpriu a sua sentença, é uma decisão feia e cruel apenas para as aparências. Não faz nada para mudar a cultura sexista atualmente em Hollywood e prova simplesmente que irão sacrificar os seus para sobreviver", escreveu no seu site, concluindo que "a Academia não tem verdadeiramente honra, é tudo apenas relações públicas".

O comediante Bill Cosby também foi expulso na quinta-feira, alguns dias após ter sido condenado por abusar sexualmente uma mulher há 14 anos.

A revelação dos casos de assédio e violação envolvendo Harvey Weinstein levaram à elaboração de um novo código de conduta. A Academia expulsou o produtor em outubro do ano passado, após aprovação de mais de dois terços dos membros do Conselho de Governadores, que tem representantes de todos os ramos da organização.

"O Conselho continua a encorajar padrões éticos que exigem que os membros mantenham os valores da Academia e de respeito pela dignidade humana", frisou a Academia que organiza os Óscares em comunicado citado pela Variety ao justificar as novas expulsões.

Já Samantha Geimer acrescentou nas redes sociais: "Tenho uma pergunta para a Academia, o seu novo código de conduta apenas é retroativo ou aplica-se aos seus membros em diante?"