A protagonista da nova versão em imagem real de um clássico animado da Disney, “Mulan”, com estreia mundial no final de março de 2020, envolveu-se numa polémica que pode eventualmente vir a ter sérias repercussões na carreira do filme.

A propósito dos protestos de Hong Kong que têm decorrido nas últimas semanas, a sino-americana Liu Yifei postou na plataforma social chinesa Weibo, onde tem 65 milhões de seguidores, as frases “Eu apoio a polícia de Hong Kong, agora podem bater-me” e “Que vergonha, Hong Kong”, adicionando a hashtag “Ialsosupporthongkongpolice” (“eu também apoio a polícia de Hong Kong”) e um emoji com um coração.

Se por um lado a mensagem teve cerca de 72.000 likes e mais de 65.000 partilhas nas primeiras 24 horas, fora da China a reação foi a oposta, principalmente no Twitter e o no Instagram, onde a hashtag #BoycottMulan, de apelo ao boicote à estreia do filme, se tornou viral.

A percepção de que a atriz está contra um protesto visto como pró-democrático e a favor da violência policial levou a várias reações inflamadas nas redes sociais, acusando a intérprete de ir contra a própria personagem de Mulan ao apoiar a supressão da democracia e das liberdades.

Se a situação continuar a escalar, a própria Disney, que produziu o filme original e também o respetivo "remake", poderá ser forçada a emitir alguma declaração, não só para não prejudicar a estreia da película mas também para defender a sua crescente posição na China, não só por via das estreias em cinema como também pelo peso dos seus parques temáticos, Hong Kong Disneyland e Shanghai Disneyland, inaugurados em 2015 e 2016.

A declaração da atriz surgiu a propósito dos recentes confrontos em Hong Kong entre a polícia e manifestantes anti-extradição, que têm subido cada vez mais de tom e agressividade nas últimas semanas, motivadas pela discussão de uma lei que levaria a que os residentes daquela ex-colónia britânica acusados de um crime pudessem ser extraditados para a China. A leitura é a de que isso levaria ao fim da autonomia política de Hong Kong face à China, que era condição para o território ser “devolvido” pelo Reino Unido ao país asiático em 1997, sendo este um primeiro passo para autoritário regime político chinês se estender aos dois territórios.

Os protestos de dois milhões de pessoas levaram uma escalada de violência por parte das forças policiais, que têm merecido acusações veementes de brutalidade por parte de diversos grupos internacionais de direitos humanos.

Liu Yifei nasceu na China mas mudou-se aos 10 anos para Nova Iorque, tendo dupla nacionalidade, chinesa e norte-americana. Muito conhecida na Ásia pelos seus papéis no cinema e na televisão, a atriz vai encarnar a personagem principal no “remake” em imagem real do filme de animação da Disney “Mulan”, realizado por Niki Caro e com estreia mundial agendada para final de março de 2020.

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