Num filme hoje apresentado à imprensa, a história é ‘revivida’ pela lente do realizador António Pinhão Botelho, com argumento da sua mãe, a jornalista Leonor Pinhão, e mostra, mais do que o futebol, a intriga e narrativa na contratação de Eusébio, disputado por Sporting e Benfica.

Vive-se o pior ano do regime fascista português, sob ameaça da ONU, e Eusébio é o grande tema das conversas entre Lisboa e Lourenço Marques, um jovem de 16 anos cuja habilidade acicata a rivalidade entre ‘leões’ e ‘águias’.

O argumento de Leonor Pinhão, num filme que salta entre a comunidade de Lourenço Marques e a vida política e desportiva de Lisboa, conta cronologicamente a disputa e em como o Benfica acabou por agarrar a “pérola do Índico”.

Com diálogos de grande humor, o filme tem o ator Igor Regalla no papel de Eusébio, Fernando Luís como Maurício Vieira de Brito, então presidente do Benfica, Lídia Franco é a D. Otília, do lar do jogador do Benfica, ou Vítor Norte como Domingos Claudino, funcionário do clube.

No Sporting, que terá apenas dito a Eusébio que viria à experiência, o presidente Brás Medeiros é o ‘culpado’ por não garantir a Eusébio um contrato, numa disputa que se arrastou mesmo após a chegada do jogador a Lisboa.

Politicamente, o filme mostra as influências leoninas nos ‘bastidores’ de ministérios e no Conselho jurisdicional da Federação Portuguesa de Futebol, num processo que arrastou no tempo a inscrição de Eusébio.

O jogador ‘falhou’ a primeira Taça dos Campeões Europeus, mas, mais tarde, um acordo entre Benfica e Sporting de Lourenço Marques, por 400 mil escudos (2.000 euros ao câmbio atual) acabaria por viabilizar o que faltava.

O argumento de Leonor Pinhão eleva o humor nos papéis cruciais dos benfiquistas de Lourenço Marques, em especial dos talhantes Mário Tavares de Melo e Albertino Malosso, cuja filha Ruth deu nome de código a Eusébio.

Os dois, juntamente com o major Rodrigues de Carvalho, arquitetaram a ida de Eusébio para Lisboa, com dois telegramas: um para o Sporting – para enganar o clube -, a dizer que Eusébio chegaria de paquete, e outro, para o Benfica, comunicando que Ruth estaria a chegar de avião, como aconteceu em dezembro de 1960.

O filme de António Pinhão Botelho busca e filma as referências à época, desde o bairro pobre da Mafalala, de Eusébio, ao Scala de Lourenço Marques, ao café Avis e até à porta do restaurante Gambrinus, ambos em Lisboa, onde Catarino Duarte se prontificou a dar a Maurício Vieira de Brito os 400 contos de que o presidente do Benfica precisava.

Ruth não é um filme sobre futebol, mas a narrativa de uma sociedade portuguesa em pleno regime fascista, entre o poder da metrópole e a vida na colónia, num dos maiores folhetins de rivalidade clubística, com aquele que viria a ser um dos melhores jogadores do futebol da história.

Uma nota para o início do filme Ruth, com o pai Laurindo Silva Ferreira representado por Paulo Furtado, músico conhecido pelo projeto The Legendary Tigerman, e que diz a um Eusébio de tenra idade que “o Benfica é como o direito romano, já existia antes de nascer”.

O filme, que conta no elenco com Fernando Luís, Álvaro Correia, Lídia Franco, Miguel Borges, Dinis Gomes, Vítor Norte, Ana Bustorff, Miguel Nunes, Maria Emília Correia, Rui Morisson, Anabela Moreira, José Raposo, Marco Delgado, Bruna Quintas, Teresa Madruga, Bruno Cabrerizo, António Nipita, António Simão, Josefina Massango, Luís Lucas, Marcello Urgeghe, entre outros, tem estreia prevista para 03 de maio.

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