Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone são amigos, fizeram alguns filmes e conjunto e apoiam-se mutuamente nas estreias um do outro, mas foram apenas os dois maiores «action-heroes» dos anos 1980 e tiveram uma intensa rivalidade.

Numa entrevista em 2019, a grande estrela que chegou da Áustria recordou que convenceu Stallone a fazer um dos seus piores filmes ("Pára ou a Mamã Dispara", de 1991) durante os tempos os tempos de "Rambo e "Comando", que descreveu como "uma loucura, uma guerra total".

O que era importante era saber "quem fazia os maiores filmes, quem tinha mais definição muscular, quem tinha mais sucesso nas bilheteiras, quem matava mais pessoas, quem as matava com mais criatividade, quem tinha facas maiores, quem tinha armas maiores".

Mas Stallone faz uma aparição surpresa no novo documentário da Netflix "Arnold" e diz que o seu antigo rival reinventou o género do cinema de ação.

"Os anos 1980 foram uma época muito interessante porque o ‘action guy’ [tipo de ação] definitivo ainda não se tinha formado. Até essa altura, a ação era uma perseguição de carro como em 'Bullitt' ou 'Os Incorruptíveis Contra a Droga'. Um filme sobre intelecto e insinuações e trocas verbais", recorda.

Schwarzenegger, elogia Stallone, foi uma força essencial para transferir a ação dos carros para os próprios humanos.

"Confiavas realmente no teu corpo para contar a história. O diálogo não era necessário", recorda sobre aqueles tempos.

"Vi que tinha uma oportunidade porque ninguém mais estava a fazer isto a não ser um outro tipo da Áustria, que não precisa falar muito... Ele foi superior. Ele simplesmente tinha todas as respostas. Ele tinha o corpo. Ele tinha a força. Essa era o personagem dele", descreve.

Stallone nota que outra vantagem de Schwarzenegger é que a impressionante musculatura o tornava muito mais resistente durante as rodagens e lhe permitia continuar a trabalhar mesmo com lesões que teriam deixado outros atores "fora de ação".

"Eu tinha de levar constantemente uma tareia, enquanto que o Arnold nunca se magoou muito. E eu dizia: 'Arnold, podias sair e lutar contra um dragão e voltar com um pequeno curativo médico", explica.

No documentário sobre a sua vida, Schwarzenegger devolve os elogios, explicando como a criatividade do rival fez com que estivesse sempre alerta e a inovar.

“Sempre que ela aparecia com um filme como ‘Rambo II,’ eu tinha de pensar numa forma de agora ultrapassar isso. Sem o Stallone, talvez eu não ficasse tão motivado nos anos 80 para fazer o tipo de filme que fiz e trabalhar de forma tão intensa. Sou uma pessoa competitiva", diz.