“Recebo com choque a notícia do desaparecimento deste amigo. E passam-me pela cabeça estes quase vinte anos de encontros em várias partes do mundo, também as histórias partilhadas depois dos jantares na sua casa, em Gijón. As histórias dele, ainda no Chile ou já na Europa, eram sempre as mais incríveis”, recorda o escritor português, num depoimento partilhado pela Porto Editora.

José Luís Peixoto assinala que Luis Sepúlveda era “amado pelos leitores e pelos amigos”, considerando que este é o “melhor prémio” que pode ter “um escritor e um homem como ele, generoso na escrita e na vida, combativo, sonhador, resistente”.

“Lucho era o nome pelo qual gostava de ser tratado pelos amigos. Por isso, agora, não consigo chamar-lhe outro nome. Querido Lucho”, acrescentou.

O escritor chileno Luis Sepúlveda morreu hoje, aos 70 anos, em Espanha, em consequência da doença COVID-19, confirmou a Porto Editora.

Sepúlveda estava internado desde finais de fevereiro num hospital de Oviedo, em Espanha, onde foi diagnosticado com aquela doença. Os primeiros sintomas ocorreram dias antes, quando esteve no festival literário Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim.

A confirmação de que estava infetado com a covid-19 levou, na altura, o Correntes d'Escritas a recomendar uma quarentena voluntária aos que participaram no festival e estiveram em contacto com o escritor chileno.

Tudo isto aconteceu ainda antes de as autoridades portuguesas confirmarem oficialmente qualquer registo de infeção em Portugal, o que só viria a acontecer a 02 de março.

Luís Sepúlveda, que nasceu no Chile a 04 de outubro de 1949, estreou-se nas letras em 1969, com "Crónicas de Piedro Nadie" ("Crónicas de Pedro Ninguém"), dando início a uma bibliografia de mais de 20 títulos, que inclui obras como "O Velho que Lia Romances de Amor" e "História de Uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar".

O escritor tem toda a obra publicada em Portugal - alguns títulos estão integrados no Plano Nacional de Leitura -, e era presença regular em eventos literários no país.

Luís Sepúlveda era casado com a poetisa Carmen Yáñez, que também esteve hospitalizada e em isolamento.

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