Publicado este mês pela Elsinore, “Kentukis” é o quinto livro da escritora argentina de 41 anos, que foi já finalista do Prémio Man Booker Internacional em 2017, com o romance “Distância de Segurança”, e novamente em 2019 com o livro de contos “Pássaros na Boca”, obra anterior, mas só mais recentemente traduzido para língua inglesa.

Considerada uma das melhores escritoras de língua espanhola da atualidade, Samanta Schweblin estreou-se na escrita com o conjunto de contos “El Núcleo del Disturbio”, em 2002, que venceu o concurso nacional Haroldo Conti e o primeiro prémio do Fundo Nacional das Artes.

A este seguiram-se outras duas coletâneas de histórias curtas – “Pássaros na boca” (publicado originalmente em 2008) e “Siete casas vacias” (2015) -, ambas vencedoras de vários prémios literários, entre os quais Casa de Las Américas, Juan Rulfo e Narrativa Breve Ribera del Duero.

Pelo meio, em 2014, a autora aventurou-se na ficção longa com “Distância de Segurança”, uma estreia que lhe valeu a primeira nomeação para o Booker Internacional e que já está a ser adaptada a filme pela própria, em parceria com a realizadora peruana Claudia Llosa, numa produção para a Netflix.

Na base deste romance estão os efeitos catastróficos que alterações ecológicas tiveram numa comunidade rural argentina, sobretudo nos filhos, e elementos de sobrenatural e feitiçaria que infundem algum terror à história, uma obra sombria que aborda a questão das alterações ambientais e do uso dos agrotóxicos, e que obriga a repensar o futuro e questionar a possibilidade real de um apocalipse ou até que ponto é possível à humanidade controlar o mundo.

Já nos 18 contos de “Pássaros na boca”, “o insólito e o grotesco irrompem com violência na normalidade do quotidiano”, segundo a descrição da própria editora.

Este é um traço da personalidade literária de Samanta Schweblin que mais uma vez se mostra em “Kentukis”, o seu segundo romance, que explora os medos sociais do século XXI, expondo os limites e perigos do uso excessivo das tecnologias, numa história de ‘voyeurismo’ com contornos sombrios, expondo o leitor aos limites do preconceito, do desejo e das boas intenções”, refere a editora.

Segundo críticas publicadas pela revista norte-americana The New Yorker, “o genial não é o que Schweblin diz, mas, antes, o modo como o diz. A sua estrutura tão enigmática e disciplinada parece colocar este livro num novo género literário”.

Esta história apresenta uma nova invenção tecnológica, uns bonecos chamados kentukis que permitem que as pessoas se liguem em rede e comuniquem umas com as outras, independentemente da idade, do estrato social ou do país onde estejam.

De Vancouver a Hong Kong, de Telavive a Barcelona, os kentukis espalham-se rapidamente por todos os cantos do mundo, permitindo que, sob a aparente inocência de um brinquedo, um perfeito desconhecido entre na intimidade de qualquer pessoa, levando-a a viver uma aventura maravilhosa, um amor inesperado ou, na mesma medida, um terror inigualável.

“‘Kentukis’ revela o preço a pagar pela nossa complexa e constante relação com a tecnologia, repensando a nossa noção de ‘voyeurismo’ e expondo o leitor aos limites do preconceito, do desejo e das boas intenções”, refere a editora.

A obra da autora que o jornal La Vanguardia classificou como "exploradora literária dos medos do século XXI" tem vindo a ser publicada em Portugal pela Elsinore, primeiro com “Distância de segurança”, em 2017, e depois com os contos “Pássaros na boca”, em 2018, embora esta tenha sido uma reedição de uma publicação feita em 2011 pela Cavalo de Ferro, outra chancela do mesmo grupo editorial da Elsinore.

"Kentukis" foi publicado originalmente em 2018 e chegou este mês às livrarias portuguesas.