Allen Halloween, também conhecido como “Bruxa”, inaugurouontem a terceira edição do Misty Fest, festival originalmente sintrense que chega em 2012,pela primeira vez, a Lisboa e ao Porto, visitando salas de espetáculo como o Cinema S. Jorge, o Centro Cultural de Belém, o Lux e a Casa da Música, para além, claro, do Centro Cultural Olga Cadaval, onde as edições anteriores tiveram lugar.

Depois de uma introdução decerca dedez minutos, a cargo do DJ Núcleo, Allen subiu ao palco por volta das 21h55, acompanhado por dois MCs do conjunto ODC Gang – Crew, da qual Halloween faz também parte, que reúne os melhores rappers de Odivelas.

Normalmente, organizar concertos deste género com plateia sentada é um risco, pois pode prejudicar a relação entre o artista e o público. No entanto, o rapper de Odivelas soube contornar o obstáculo, apostando na interação com a audiência, com a qual se manteve muito comunicativo desde início. O público, por sua vez, esteve sempre fiel a Halloween, não faltando aplausos e pessoas a cantarem as músicas do rapper na íntegra.

O concerto teve como foco principal o álbum de 2011 do artista, “Árvore Kriminal”, que, para além da forte componente político-social, retrata as experiências do rapper vividas no bairro da Azinhada do Barruncho, em Odivelas. Foram músicas como “Drunfos”, “O convite”, “Crazy”, “Killa Me” e “Noite de Lisa” que visitaram o disco do ano passado e nosfizeram mergulharna dura realidade que o artista vivenciou.

Por sua vez, o álbum “Projecto Mary Witch”, de 2006, foi relembrado através de músicas como “S.O.S. Mundo”, “Fly Nigga”, “No Love” e “Ciclo da Vida”,com esta última a ter dedicatória dirigida a Johnny Ganza, falecido companheiro da crew Youth Kriminals, da qual Halloween é fundador.

Estava ainda guardada uma surpresa para a noite inaugural do Misty Fest 2012. No primeiro de dois encores, Halloween chamou ao palco o guitarrista Tó Trips (Dead Combo), para ajudar a interpretar o momento que ia juntar “qualquer coisa com qualquer coisa”, segundo o rapper. E a canção não poderia ser outra senão o clássico “Debaixo da Ponte”, que contou com a performance de Tó Trips na guitarra, acompanhado com obeatboxde um dos companheiros de Halloween. Sem dúvida, um dos momentos da noite, que foi, obviamente, reconhecido com euforia por parte do público.

“Ontem vi nas notícias que há famílias em Portugal a pagar enterros às prestações... Nem morrer está fácil neste país!” - foram estas as palavras que Halloween utilizou para introduzir “Um Jardim à Beira Mar”, tema que aborda os problemas socioeconômicos do nosso país e que está presente no disco mais recente do artista.

Já mesmo no final do espetáculoe no segundo regresso ao palco, Halloween aproveitou para apresentar algumas canções do próximo trabalho, intitulado “Escumalha – Sons Da Pedrada”, uma mixtape que irá reunir todo o coletivo de Odivelas, ODC Gang.

E foi com esta noite de Bruxa que o primeiro dia de Misty Fest encerrou. O festival continua hoje com o espetáculo “Novas Guitarras Portuguesas”, com Filho da Mãe, Tó Trips e Frankie Chavez - a não perder!

Manuel Rodrigues