Defying Control – Os Defying Control surgem em 2005, depois de uma mudança de line up e de nome. Pode dizer-se que a banda foi germinada em 2003 pelos Cross The Line e trazida à luz em 2005, com o actual nome. A banda surge naturalmente através do Killer e do Francis, dois skaters completamente obcecados por punk rock, que sempre tiveram o desejo de fazer algo substancial na vida: algo que fosse puro e honesto e, ao mesmo tempo, um escape à banalidade do dia-a-dia.

PP – Podem desvendar-nos a origem do vosso nome?

DC - O nome Defying Control surge da ideia de lutar contra o «Big Brother» em que a sociedade se tornou. É um nome com atitude e significado, premeditado. A ideia de que, para uma sociedade ser segura é necessário ser constantemente vigiada, é simplesmente assustadora. Criam-se medos e fobias e as pessoas ainda pagam e agradecem para que lhes tirem a liberdade, e isso, na nossa opinião, está mal. É nesse sentido que o nosso nome vai desafiar esta constante vigilância.

PP - O que trazem de novo à música portuguesa? Como pretendem marcar o panorama da música nacional?

DC - Pretendemos marcar pela originalidade, humildade e persistência. Pelo romper das regras pré-estabelecidas e pelo furar dos nichos que persistem e perduram no meio musical português. Somos Punk Rock! Seremos sempre e não vamos mudar apenas porque está outro estilo na berra, como acontece muito hoje em dia. Não vamos acabar a banda à primeira dificuldade e vamos continuar em frente, mesmo sem cunhas e apadrinhamentos. Musicalmente, penso que preenchemos uma lacuna e criámos o nosso lugar ao sol. Não vejo em Portugal outra banda do nosso estilo, com a nossa musicalidade. Isso funciona como uma mais-valia para a banda. Somos melódicos, técnicos e rápidos q.b. Não somos bons nem maus, somos o que somos. Haverá, certamente, quem gostará e, obviamente, quem não gostará, mas estaremos por cá.

PP - Lançaram, em Janeiro do ano passado, o vosso segundo álbum de originais, “Stories Of Hope And Mayhem”. Falem-nos um pouco sobre este trabalho… Que influências podem ser detectadas nele? Que mensagem pretendem passar com o registo? Quais as principais diferenças deste relativamente ao vosso trabalho de estreia, “Reflection”?

DC - O “SOHAM” (Stories Of Hope And Mayhem) é o álbum que veio trazer ao grupo a estabilidade tão desejada. É por este caminho que queremos seguir e com estas pessoas - a banda é hoje composta pelo Killer (voz e baixo), Francis (guitarra), André (guitarra) e Marcelo (bateria). É um álbum que difere do “Reflection” pela diferença de produção e, também, pelo evoluir dos membros da banda. Com a entrada do André, tudo foi mais fácil e é notável a evolução musical da banda. “SOHAM” é um álbum que fala dos defeitos do ser humano, no que vai mal na sociedade, problemas intrínsecos e pessoais, e estórias imaginadas. É também um álbum com muito sentimento e significado. A ideia principal é que, apesar de tudo o que está mal, existe sempre a esperança de que podemos mudar e melhorar, tanto o mundo em que vivemos, como nós próprios.

PP - Lançado em Espanha, Estados Unidos da América, França e Japão com o apoio de editoras, “Stories Of Hope And Mayhem” foi, no entanto, lançado em Portugal como uma edição de autor. Quais os motivos que orientaram esta opção?

DC - Os motivos foram muito simples: Não conseguimos chegar a todos os que nos poderiam ajudar nesse aspecto e, aqueles a quem chegamos, não se mostraram interessados. É um pouco difícil sermos nós próprios a fazer tudo pela banda mas, quem corre por gosto, não cansa. Vamos conseguindo tudo o que qualquer outra banda consegue, apenas demoramos muito mais tempo e despendemos mais esforço. Nunca tivemos manager, produtora ou editora em Portugal, fazemos tudo por nós. Por vezes, deparamo-nos com barreiras difíceis de transpor, mas nunca desistimos. É esse o nosso lema.

PP - Que barreiras são essas?

DC - A grande barreira é monetária. Sai tudo dos nossos bolsos. Outra grande barreira é a falta de contactos e conhecimentos para por o disco nos sítios certos. Enfim, nós adoramos mesmo isto. A música, o punk rock corre-nos nas veias e faríamos isto mesmo que tivéssemos de passar fome. Muitas vezes não temos dinheiro para mais nada, mas para a banda tem de haver. Só se vive uma vez e que valha a pena. Ao menos, tentamos seguir o nosso sonho. Se o atingimos ou não, é outra conversa…

PP - Na vossa opinião, e comparando o feedback que o vosso trabalho tem atingido nos diferentes países onde foi lançado, é, ainda, nos dias de hoje, uma editora crucial à emancipação de uma banda? Porquê?

DC - Uma editora é muito importante, mas não é crucial. Hoje em dia existem muitos meios, com destaque para a Internet, que ajudam qualquer banda a chegar a um grande número de pessoas. A contra-partida é que a concorrência é enorme. Uma banda trabalhadora, que realmente ame o que faz e não tenha medo de tocar em todo o lado, irá destacar-se dos demais, com o passar do tempo. Isso exige muito tempo e dedicação, e muitas vezes acaba por ser a razão de tantas bandas acabarem. Uma boa editora encurta-te o tempo que levas a chegar a um x número de pessoas e, muitas vezes, têm contactos que ajudam a banda a muitos níveis. É sempre bom ter editora/as que te ajudem em vários aspectos. Não é crucial, mas é uma grande ajuda.

PP - Já partilharam o palco com nomes como Tara Perdida, Linda Martini, Primitive Reason ou até com os internacionais No Use For A Name, IGNITE, Useless ID ou Street Light Manifesto. Como seria o concerto ideal dos Defying Control? Em que palco? A tocar com que artistas?

DC – Seria, sem dúvida, no festival Warped Tour, a começar na Califórnia e a correr o mundo a seguir, ao lado dos Nofx, Bad Religion, Pennywise, No Use For A Name, Sick Of It All e tantos mais. É um sonho! Quem sabe se um dia o possamos realizar…

PP - Em 2010, que pode o Palco Principal esperar dos Defying Control?

DC - Muitas novidades! Esperamos conseguir tocar muito e em muitos lados e conseguir sempre chegar mais além. O futuro depende do que dele consigamos fazer e nós esperamos fazer muito, pelo menos, mais do que fizemos até agora.

PP - Por último, qual a importância das redes sociais, como o Palco Principal, na carreira dos Defying Control e respectiva divulgação?

DC - Sem este tipo de redes sociais, seria muito difícil para uma banda sem produtora mostrar o seu trabalho e valor. Nos tempos que correm, é crucial a existência deste tipo de sites, para que uma banda consiga expor-se e chegar a um número alargado de pessoas, conseguindo assim, encontrar mais pessoas interessadas no seu trabalho. Parabéns ao Palco Principal pelo seu esforço nesse sentido. O Palco Principal merece todo o nosso respeito e agradecimento, pela oportunidade que nos deu com o destaque. A ele desejamos uma vida longa e próspera. É de louvar o contributo do Palco Principal para a música portuguesa.