Palco Principal – Lançaste, em Maio passado, o 6º álbum da tua carreira. Por que o intitulaste “Diversity”?

Gentleman – Intitulei-o “Diversity” porque é o álbum mais versátil que fiz até hoje. Vários estilos musicais co-habitam no mesmo disco: o roots reggae, o dance reggae, o hip hop flavor, o r&b, enfim, existe uma grande variedade deestilos musicaisneste projecto.

PP – Existe em “Diversity” alguma mensagem que se destaque?

G – Em “Diversity” há, também, uma grande variedade de temas, de mensagens. Há músicas de amor, como a Everlasting Love; músicas que abordam a pobreza, como a I Got to Go; músicas com temáticas políticas; músicas sobre a sociedade, enfim, são focados muitos temas diferentes no álbum. Mas a mensagem principal que pretendo passar com o disco é que temos que estar mais atentos, temos que ir com mais calma, mais tranquilamente... Estamos a avançar depressa demais na sociedade. No fundo, tentei fazer um disco positivo, mesmo estando rodeado por um mundo tão negativo. É esse, aliás, o grande desafio da vida.

P – “Diversity” é, em relação aos álbuns anteriores, um trabalho de continuação ou de ruptura?

G – Todos os álbuns que faço são diferentes dos anteriores. Este novo álbum é mais electrónico, as letras das músicas nele incluídas estão mais maduras, sinto que cresci um pouco nessa área. Há uns tempos atrás cantava a preto e branco, hoje em dia sei cantar, também, a cinzento. Sinto que estou a aprender, a crescer, mas continuo à procura da verdade.

PP – Contas neste álbumcom colaborações diversas. Como foi trabalhar com Patrice, Tanya Stephens, Christopher Martin, Sugar Minott, entre outros?

G – Há, efectivamente, muitas colaborações neste disco. Para mim, cada colaboração é sinónimo de uma grande amizade entre mim e o artista em questão. Não se trata, apenas, de respeito musical mútuo, até porque fazer uma música em conjunto é um processo bastante íntimo. Estou muito contente com as colaborações de “Diversity”, porque não foram planeadas, premeditadas. Não me dirigi aos artistas em questão com o intuito de os convidar para trabalharem comigo. Encontramo-nos, por acaso, num certo sítio, num dado momento, e a vibração foi a correcta. Já conheço o Patrice há cerca de dez anos, vivemos na mesma cidade, em Colónia. Encontro-o sempre em festivais e sempre falámos em fazer uma música juntos. Demorou dez anos, mas cá está ela. A Tanya Stephens…sou um grande fã da sua música! O Sugar Minott foi uma grande inspiração, estou muito feliz com o resultado.

PP – Estás a par do trabalho de alguma banda ou de algum cantor de reggae português?

G – Sim, do Marrokan. Fiz, aliás, uma música com ele. É um óptimo cantor. Estou, inclusive, a apoiá-lo no lançamento do seu álbum.

PP – Já visitaste Portugal inúmeras vezes. O que tanto aprecias neste país, que te faz voltar todos os anos?

G – Gosto do clima, da boa onda das pessoas, dos pássaros, da comida, enfim, gosto de tudo, é um sítio maravilhoso. Talvez um dia me mude para cá.

PP – Que futuro prevês para a música reggae, a nível mundial? Há quem adivinhe o seu fim…

G – A música reggae não pode nem vai desaparecer. Já existe há demasiado tempo para, simplesmente, desaparecer. É uma música muito radical, muito popular no circuito underground, em todo o mundo. É uma música que fala a verdade, uma música cheia de boa onda. Nunca irá desaparecer.

PP – Acreditas que influencias verdadeiramente os teus fãs através das tuas canções? Sentes que, através da música, podes mesmo mudar atitudes?

G – Sozinho, não consigo, mas, em conjunto, consigo fazer a diferença. Algumas músicas podem, definitivamente, fazer a diferença. A música é muito poderosa.

PP – Sentes-te um pioneiro do reggae europeu?

G – Não, não me sinto um pioneiro do reggae europeu. Houve outros artistas de reggae europeus antes de mim. Não fui o primeiro… Mas estou muito agradecido por ter a oportunidade de fazer música, viajar pelo mundo e alcançar muitas pessoas. É uma grande responsabilidade, que me mantém motivadíssimo.

PP – Por que motivo alteraste o nome da tua banda de Far East Band para Evolution?

G – Não tinha como não alterar. Houve muitas mudanças na banda – temos um novo baterista, ficámos com dois guitarristas, etc, e achei que estas deviam reflectir-se no seu nome. Foram, mesmo, muitas mudanças…

Sara Novais