Em nota de imprensa, a banda portuguesa explica que “Viva la Muerte!” pretende assinalar os 40 anos de carreira e os 50 da revolução de abril de 1974 e que aos concertos se juntarão conferências “com politólogos, filósofos e historiadores, relacionadas com as temáticas do espetáculo”.

“Numa época em que o perigo do regresso do fascismo se torna palpável, os Mão Morta não podiam deixar de se manifestar e de denunciar o ar dos tempos”, refere o grupo.

O espetáculo que estão a preparar, e que tem a primeira data a 28 de setembro no Theatro Circo, em Braga, contará com temas novos inspirados em autores como José Mário Branco, Adriano Correia de Oliveira, José Afonso ou José Carlos Ary dos Santos, “que viveram o fascismo salazarista e encontraram nessa opressão e censura a motivação para criar arte”.

Com letras de Adolfo Luxúria Canibal e música de Miguel Pedro e António Rafael, “Viva la Muerte!” também abordará as “temáticas do fascismo contemporâneo”, como “o ultranacionalismo bélico, as teorias racistas da ‘grande substituição’, a globalização das teorias conspiracionistas, o ódio ao conhecimento científico e às instituições do saber ou o apelo ao pensamento único, de vocação totalitária”.

As conferências, que serão moderadas pelos músicos, contarão com a participação dos investigadores e doutorados, das áreas de História e Política, Carlos Martins, Manuel Loff, Sílvia Correia e Luís Trindade.

Depois da estreia em Braga, os Mão Morta vão levar “Viva la Muerte!” a Lisboa (3 de outubro, Culturgest), a Faro (11 de outubro, Teatro das Figuras), a Aveiro (17 de outubro, Teatro Aveirense), Ourém (23 de novembro, Teatro Municipal) e a Guimarães (30 de novembro, Centro Cultural de Vila Flor).

Os Mão Morta surgiram em 1984 em Braga, fundados por Joaquim Pinto - que já não faz parte do grupo -, Miguel Pedro e Adolfo Luxúria Canibal. O primeiro concerto aconteceu em janeiro de 1985, no Porto, no Orfeão da Foz.

O grupo, que teve várias formações, mantendo-se sempre Miguel Pedro e Adolfo Luxúria Canibal, editou álbuns como "Corações Felpudos" (1990), "Mutantes S.21" (1992), "Há já muito tempo que nesta latrina o ar se tornou irrespirável" (1998) ou "Pelo meu relógio são horas de matar" (2014), aos quais se juntam coletâneas e registos ao vivo.