Em 2012, o Misty Fest tentou trazer para fora de Sintra o ambiente mágico da cidade natal deste festival. Contudo, a chuva nada agradável que se registou na passada sexta-feira à noite, em Lisboa, quase ameaçou o objetivo. Restou às guitarras de Tó Trips, Filho da Mãe e Frankie Chavez trazerem um pouco de magia para o palco do Cinema São Jorge, uma das várias salas por onde este festival vai passar ao longo do mês de novembro.

Tó Trips foi o primeiro músico a atuar, apresentando-se ao público sem grandes rodeios, longe da imagem dos Dead Combo,sem cartola e fato vincado. Também a sua guitarra surge, aos nossos ouvidos,de forma menos eletrizante do que no projeto que partilha com Pedro Gonçalves, à semelhança do que já tinha feito no disco “Guitarra 66”, de 2009.

Trips é um bom anfitrião e introduz de forma eficaz os músicos que lhe seguem, numa noite dedicada às Novas Guitarras Portuguesas. Filho da Mãe sucede ao músico dos Dead Combo e sobe ao palco acompanhado da sua “guitarra dos trezentos”, como gosta delembar durante a atuação. Rui Carvalho, o guitarrista por detrás deste projeto, continua a tocar na perfeição as músicas do seu primeiro disco, “Palácio”, apesar do concerto ter sido importunado por alguns problemas técnicos, que acabaram por afetar as demais atuações da noite.

Filho da Mãe terminou a sua atuação a solo com “Helena Aquática”, uma música que representa na perfeição o lado experimental de Rui Carvalho e o talento do músico com os pedais delay.

Frankie Chavez, o último músico a fazer a sua atuação a solo, apresentou-se com um registo claramente influenciado por sons americanos, nomeadamente o blues e o folk, sendo a sua guitarra slide uma das surpresas e delícias da noite.

No final da sua atuação, Chavez manteve-se no seu lugar e foi a vez dos outros músicos regressarem ao palco para uma atuação conjunta. Foi uma oportunidade única de ver os três músicos em palco ao mesmo tempo, cada um contribuindo com a sua especialidade: Frankie Chavez com a guitarra deitada sobre o colo, Filho da Mãe responsável pelos efeitos e Tó Trips liderando o grupo. A raridade da união destes músicos foi posteriormente destacada num encore improvisado - uma última prenda dos três guitarristas para a audiência.

Henrique Mourão