O guitarrista e compositor Pedro Jóia edita um novo álbum, intitulado “Mosaico”, na próxima sexta-feira, que corresponde a uma vontade sua de há muitos anos, disse à agência Lusa.

“É um disco de música minha, essencialmente, que era uma coisa que eu estava com muita vontade de fazer há vários anos, até porque eu tenho estado, nos últimos anos, a fazer discos temáticos sobre a música de outros, e este disco foi de facto uma coisa que vem cá de dentro, muito da minha intimidade e da minha guitarra, é um disco instrumental com música minha”, disse o artista em entrevista à Lusa.

“Mosaico” é constituído por 10 temas, todos de autoria de Pedro Jóia, exceto “Jula Jekere”, de Mbye Ebrima, tocador de kora, que colabora também no álbum, e “Três Pontas”, uma parecia com Eduardo Miranda, que também participa no álbum.

Além do músico gambiano Ebrima e do brasileiro Miranda, neste álbum participam Victor Zamora, ao piano, José Salgueiro, nas percussões e bateria, João Frade, no acordeão, Eduardo Miranda, no bandolim, Denys Stetsenko, no violino, Nuno Abreu, no violoncelo, e José Manuel Neto, na guitarra.

“Um disco feito por instrumentistas, com grandes músicos e amigos e nada melhor que nos juntarmos num disco”, disse Pedro Jóia.

Questionado sobre o seu processo de composição, Jóia afirmou: “O que me faz compor é uma imensa procura no instrumento, porque é daí que vem tudo, digamos, a inspiração, aquilo a que chamamos a inspiração, que é uma coisa um bocado vaga, no sentido em que não acredito muito na inspiração que não vem do nada. A inspiração procura-se e eu procuro-a muito na guitarra. Estas composições são fruto de muita procura no instrumento”.

Do alinhamento do álbum faz ainda parte “Acqua Alta” (variações sobre dois motivos de Antonio Vivaldi), designadamente o Concerto em sol menor, “Verão”, do compositor barroco. Outro tema é o “Fadinho do Atentado”, no qual conta com a participação de José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, e João Frade, no acordeão.

O tema foi inicialmente composto para a banda sonora – da autoria de Jóia - da série televisiva “O Atentado” (2020), de Jorge Paixão da Costa.

“O tema original vem daí, mas eu depois regravei-o e convidei o José Manuel Neto e o Frade”, disse, acrescentando: “Eu quando compus este fadinho, quis que soasse a uma coisa antiga, dos anos 1930, essa era aliás, a preocupação que tive na banda sonora, até para ir ao encontro do ambiente da época”.

Além da guitarra clássica, Jóia toca cumbus, um cordofone turco, cujo formato é semelhante ao do banjo, que o músico comprou em Istambul e que aprendeu a tocar sozinho, contou à Lusa.

Sobre a escolha do título do disco, “Mosaico”, justificou: “O termo ‘mosaico’ é a junção de pequenas peças, pequenas pedrinhas, cada uma da sua cor e da sua origem, e, quando juntei tudo isto, pensei isto é um mosaico de pequenas peças coloridas, cada uma com a sua cor, textura e, além do mais, foneticamente ‘mosaico’ não está muito distante do termo ‘música’”.

Este é o sétimo álbum de Pedro Jóia, que se estreou aos 19 anos, tendo iniciado os estudos de guitarra aos 7 anos, com Paulo Valente Pereira, na Academia dos Amadores de Música.

Jóia estudou também com o músico e musicólogo Manuel Morais, e guitarra flamenca com Paco Peña, Gerardo Nuñez e Manolo Sanlúcar.

Pedro Jóia já recebeu dois prémios Carlos Paredes: em 2008, com o álbum “À Espera de Armandinho”, e em 2021, com “Pedro Jóia, pela obra Zeca”.