À semelhança de outras celebrações, também a de Pedro Abrunhosa foi adiada. Mas apenas 45 minutos, depois dos quais deram entrada no palco, ornamentado com acolhedores tapetes, elegantes abajours e um imponente candelabro suspenso – qual salão de estar intimista -, os novos comparsas do músico, os Comité Caviar – uma aposta certeira ao vivo, quando dinamismo, presença, energia e robustezé, definitivamente, o pretendido.

Com o clássico dos clássicos já longe da memória dos mais ferrenhos, eis que surge perante a plateia, após aclamação quase apoteótica, Abrunhosa, igual a si mesmo, directo ao assunto, que, sem rodeios, agarrou convicto no tema Eu Sou o Poder, com o qual inaugurou a sua performance – uma das mais eficazes dos últimos anos.

Depois de entalar o público Entre a Espada e a Parede – uma das músicas mais aplaudidas do serão, a par de Durante Toda a Noite e Rei do Bairro Alto - «despejou», com a urgência típica da novidade - interrompendo apenas ocasionalmente, para amenas observações (leiam-se piadas fáceis, críticas a Rui Rio e agradecimentos a todos que contribuíram, de perto, para o sucesso de “Longe”) e céleres trocas de vestes - as canções do último disco, uma a uma, terminando a viagem pelo álbum precisamente com o tema que o apresentou a Portugal, Fazer o que ainda não foi feito, cantado em uníssono pela plateia, que o reconheceu aos primeiros acordes, tão alto é o seu airplay.

Apesar dos prenúncios que anunciavam o final do espectáculo, os verdadeiros campeões da noite não conseguiam desligar-se da ribalta, atendendo sucessivamente aos apelos do público, que nada mais queria senão recordar alguns dos grandes êxitos do cantor. “Longe” e toda a mudança que, desde o momento da sua composição, lhe estava associada, estava, certamente, aprovado, mas só o conforto das baladas das obras anteriores de Abrunhosa faria soltar as vozes, balançar os braços e brilhar a alma dos presentes.

Após o resgate de Capitão da Areia – uma daspoucas baladas de “Longe” -, apelou-se, na Casa da Música, à calma, com ÉPrecisoter Calma,elogiou-se a lua, recordaram-se momentos, entre breves alusões a James Brown, Lou Reed e Leonard Cohen, a quem Pedro Abrunhosa dedicou a última música da noite, “Hallelujah”.

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Sara Novais

Fotos: João Carvalho