Após cinco anos de interrupção, o festival regressa à vila medieval de Ourém com uma programação multidisciplinar e multicultural, inspirada no “espírito cosmopolita do 4.º conde de Ourém” e na tradição de emigração da população do concelho para celebrar “a diversidade cultural e a criatividade como formas de se alcançar lugares mais humanizados e sustentáveis”, lê-se na apresentação.

“Este festival parte da identidade de Ourém, refletida no seu Castelo e no seu centro histórico”, referiu o presidente da Câmara de Ourém, Luís Albuquerque, citado numa nota do município.

Ourém, concelho com uma relação histórica com a emigração, evoca “vivências e experiências dos emigrantes ourienses, no passado e no presente”, as “relações sociais e de cooperação (...) com outros povos ao longo da história” e os “ganhos culturais, sociais e económicos” da diáspora neste regresso do Festival de Setembro.

Durante três dias, a vila medieval recebe concertos, teatro, cinema, um seminário, conferências, exposições, literatura, visitas ao património, artesanato e também uma degustação de gastronómica inspirada nos cinco principais países de destino dos emigrantes de Ourém: França, Inglaterra, Brasil, Angola e Moçambique.

O presidente do município dá particular relevo aos espetáculos de Aline Frazão, Selma Uamusse e Luca Argel, “artistas oriundos de Angola, Moçambique e Brasil, respetivamente”, bem como ao teatro “O descanso da tua voz”, onde é proposto “um encontro entre os atores e os espetadores”.

Em setembro, Ourém recebe ainda “Une histoire bizarre” (“Uma história bizarra”), espetáculo teatral com migrantes de oito países.

No cinema, o Festival de Setembro exibirá vários filmes, como “Great Yarmouth”, de João Canijo, ou o documentário “Je suis partout et nulle part à la fois” (“Estou em todos os lugares e em lugar nenhum ao mesmo tempo”), que levará a realizadora Amandine Desille até Ourém.

Para Luís Albuquerque, a mais-valia fundamental do Festival de Setembro é “a participação efetiva da comunidade de Ourém”, que se envolve na “realização de espetáculos, dinamização de espaços de gastronomia e artesanato, cenografia do espaço público, partilha de testemunhos pessoais, intervenção em debates e conversas informais e, não menos importante, na fruição desta festa”.