Foi perante uma sala composta que Skin se apresentou em palco, envergando uma fatiota cheia de penas, tão brilhantes, que ofuscavam qualquer outro elemento da banda, como já vem sendo habitual. A sua voz surge tal e qual como a conhecemos, nos anos 90, sendo que o carisma dos 45 anos de idade lhe confere um mistério mais aguçado.

As canções de “Black Traffic” e “Wanderlustre” alternam-se, no início do espetáculo. Temas como I Believed In You, God Loves Only You ou I Hope You Get To Meet Your Hero ainda não alcançaram o estatuto de hino – perguntamo-nos se algum dia vão alcançar -, mas, ainda assim,são cantadas em uníssono. Apenas nas canções do passado os pulmões da plateia ganham novo fôlego, com Twisted (Everyday Hurts) ou Hedonism (just because you feel good) e os míticos riffs de guitarra que a antecedem a arrancarem as primeiras manifestações de histeria dos presentes.

Com a simpatia e a energia no máximo, os Skunk Anansie dão, contudo,provas que o palco ainda é a sua casa, o seu lar. Os últimos acordes de I Can Dream são cantados no meio do público, com Skin a abraçar uma fã, eBecause Of You, outro dos grandes êxitos do grupo, é ecoado por todo o Coliseu, que despede-se, temporariamente, do coletivo ao som de uma também mui celebradaCharlie Big Potato.

Após alguma insistência da plateia, que ainda não estava pronta para abandonar a sala lisboeta, Skin e companhia regressam para um previsível encore, em que Secretly, sucesso supremo do grupo,se sagrourainha e senhora, com o público de máquina fotográfica em riste, a registar o momento.

Recentemente, o coletivo londrino afirmou,numa entrevista, ser a banda mais detestada do Reino Unido. Em Portugal, pelo contrário, são uma das mais acarinhadas. Mesmo com um presente não tão risonho no que a hits respeita, o passado da banda faz, por cá, a diferença.

Os australianos The Jezabels fizeram as honras da casa, enquanto banda de abertura. Em estreia em palcos nacionais, trouxeram “Prisioner”, segundo disco, na bagagem, com o single City Girl a merecer a maior ovação da performance.

Texto: Ana Cláudia Silva

Fotografias: Manuel Casanova