Talvez por os concertos dos Ornatos nos Coliseusainda estarem muito recentes na memória das pessoas, o espetáculo de sábado dos Supernada, incluído no circuito do festival Misty Fest, levou muitos fãs de Manel Cruz e companhiaao cinema S. Jorge,que não chegou,porém, alotar. Cerca de meia casa apenas assistiu ao concerto da banda liderada por um Manel Cruz que, apesar das seis datas recentes em Lisboa e no Porto, não revelou fadiga alguma e proporcionou um espetáculo digno de ser recordado.

Os Supernada, que incluem, para além de Manel Cruz, elementos dos Insert Coin e dasAmarguinhas, foram fundados no ano de 2002. No entanto, após alguns concertos, dos quais se destacam o do Hard Club e o do Santiago Alquimista, a banda só viria a lançar o seu primeiro trabalho longa-duração em 2012. Uma década depois da sua criação, os Supernada apresentaram no cinema S. Jorge, em Lisboa, o álbum “Nada é Possível”, perante um público que se caracterizou, acima de tudo, por ser pouco, mas bom.

Foi preciso apenas um “boa noite” por parte de Manel Cruz, para o espetáculo ter início. A comunicação entre o vocalista e a plateia funcionou como uma espécie de pergunta-resposta: cada vez que o músico se dirigia à audiência, a mesma respondia com elogios relativos à sua prestação.

E, realmente, a razão estava do lado do público, pois Manel Cruz é um músico deverasversátil e cheio de energia. O palco, por maior que seja, acaba por ser pequeno para as suas investidas, ora na percussão, ora nos acessórios que usa para produzir efeitos junto dos microfones. Os restantes elementos estiveram, por sua vez, incansáveis na performance. A dinâmica que os temas de Supernada exige foi alcançada na perfeição pelo quinteto e complementada por um espetáculo de luz simples e eficaz, que acompanhou, de forma sincronizada, as oscilações rítmicas das músicas.

Temas como “Sonho de Pedra”, “Espuma”, “Isto Não é Nada” , “A arte Quis Ser Vida”, “O Meu Livro”, “A Estética da Ética” e "Pai Natal” fizeram parte do alinhamento para esta terceira noite do festival Misty Fest 2012. “Anedota” finalizou o concerto com o devido reconhecimento por parte do público,que aplaudiude pé os Supernada, que não tardaram em introduzir o encore com um: “temos mais duas, tá tudo?”

O clássico “Invisível Mundo” abriu o encore e fez as delícias dos presentes, com um ambiente muito intimista em tonalidades de branco e azul e com algumas pessoas a acompanhar a letra da música. “Nova Estrela”, uma das primeiras músicas criadas pelo coletivo e a a última a ser apresentada no S. Jorge,teve um falso arranque. “É mesmo esse o tom? Fogo, que grande branca...” - foram os comentários do vocalista, que despertaram gargalhadas por parte da plateia.

Terminado o concerto, os Supernada despediram-se do Cinema S. Jorge com um “Muito obrigado pessoal, até uma próxima, foi um prazer!!”.O público pediu mais, exigindo um segundo regresso da banda, mas nada feito. Apresentado o álbum “Nada é possível”, a excelente performance desta noite encerra com a ideia de que mais é impossível!

O Misty Fest continou no domingo com a cantora angolana Aline Frazão, que encerrou o primeiro fim de semana do festival. Os concertos regressam dia 8 com Peter Hook & The Light e o espetáculo “«Unknown Pleasures» - uma celebração dos Joy Division”.

Manuel Rodrigues