O músico, também poeta, afirmou à Lusa que, “para interpretar o fado, é preciso ter alma, despertar emoções em quem ouve”, o que acontece com Teresa Brum, senhora de uma voz “afinada que vem dentro, que consegue transmitir uma emoção, capaz de levar o recado ao destinatário”.

Referindo-se à voz de Teresa Brum Pinheiro, o músico afirmou: “Tem uma voz lindíssima, limpa, muito afinada, tem compasso, e quando a ouvimos cantar vibra, o que nos emociona”.

Teresa Brum atua na quarta-feira, às 19:00, no Museu do Fado, em Lisboa, acompanhada à guitarra portuguesa por Dinis Lavos e, à viola, por Jaime Santos.

Nuno Siqueira é uma das três personalidades, ao lado de Daniel Gouveia e Eduardo Falcão que, na quarta-feira, apresentam a fadista, referindo o seu percurso artístico e realçando as suas qualidades fadistas.

O músico disse à Lusa que “o fado hoje em dia está com uma força espantosa, mas é mais em quantidade que em qualidade”.

“O fado nunca teve a pujança que tem hoje. A massificação a que estamos a assistir conduz, porém, a um efeito colateral perverso, que é a busca ansiosa da novidade, para se distinguirem [os fadistas uns dos outros]. A busca da novidade em si é boa, mas o que tenho vindo a verificar é que essa busca desesperada, é acompanhada de elementos descaracterizadores do fado”, sentenciou.

Teresa Brum respeita a linguagem própria do fado, realçou o guitarrista, que espera que, “no meio de tudo isto, se possa reparar nas suas qualidades únicas” da fadista.

A cantora, que também é psicóloga clínica, em declarações à Lusa, apontou o fado como “uma catarse dos sentimentos de cada um”.

“Primeiro que tudo, essa catarse acontece com quem interpreta e, se conseguirmos transmitir a mensagem, com quem ouve. De certa forma, o fado é uma catarse da alma portuguesa”.

Teresa Brum Pinheiro afirmou que o fado a cativa, “pela liberdade” que encontra quando o canta.

“Quando canto fado, parece que entro noutra dimensão, esqueço tudo, o fado é a única coisa que me tira deste planeta e o fado é muita emoção e vibro com isso. Os poemas, a própria música, e toda a conjugação – poemas e música – fazem-me sentir eu verdadeiramente. É uma coisa que sai dentro. Para mim, o fado é verdade”, atestou.

A cantar fado há cerca de quatro anos, este “surgiu naturalmente” no seu percurso, entre outros géneros musicais que interpretava.

“Eu cantava e acompanhava-me à guitarra clássica, e já incluía fado; depois fui cantando numa ou noutra casa de fados, até que começaram a surgir os convites e descobri o fado como a minha música absoluta”, disse a intérprete.

No alinhamento que irá apresentar no Museu do Fado, Teresa Brum irá interpretar, entre outros, “Fado Feliz”, de Nuno Siqueira, na música do Fado Franklin de Sextillhas, o “Fado das Horas”, de Maria Teresa de Noronha e António de Bragança, “Fado Boémio”, de Frederico de Brito, na melodia do Fado Varela, e “Meu amor abre a janela”, de Tiago Torres da Silva, na música do Fado Santa Luzia.

Para a fadista, a escolha é clara: "Sem dúvida prefiro o fado tradicional!".

Como referências fadistas, a intérprete citou “Maria Teresa de Noronha, absolutamente, também Teresa Tarouca, e claro está, Amália Rodrigues”.

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