Depois de meses de espera, de vários vídeos promocionais e de muitas pistas lançadas em algumas entrevistas, está a chegar a hora de "Madame X", o novo disco de Madonna, ver a luz do dia. O álbum chega na próxima sexta-feira, dia 14 de junho, e conta com 15 canções na sua versão deluxe ("Extreme Occident" e "Looking For Mercy" são os temas extra). O SAPO Mag foi convidado a ouvir antecipadamente a versão alargada do disco, que nasceu durante a estadia da 'rainha da pop' em Lisboa.

Ao longo de uma hora, quatro minutos e 32 segundos, Madonna viaja por vários estilos, arrisca novos ritmos e atreve-se a cantar em português - talvez seja essa a maior referência à sua vida em Portugal, além da suave presença de guitarras portuguesas, da versão de "Faz Gostoso" e da colaboração com o grupo de batukadeiras de Cabo Verde.

Entre os novos temas, há cinco duetos, dois deles com Maluma ("Medellín" e "Bitch I'm Loca"). Em "Madame X", Madonna divide ainda protagonismo com Anitta, em "Faz Gostoso", Quavo, em "Future", e Swae Lee, em "Crave".

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Todo o álbum está repleto de confissões e apelos, que vão sendo lançados em canções com ritmos e sonoridades diferentes - do kuduro ao funk, passando pela pop, há influências de vários pontos do mundo. É um disco repleto de conteúdo, para lá da música - "Madame X" é um álbum pesado, que exige tempo para ser ouvido e digerido.

"O mundo é selvagem, o caminho é solitário. Eu sei o que sou e o que não sou"

"Madame X" poder visto quase como um confessionário de Madonna, que decidiu abraçar uma aventura e uma viagem musical (talvez a mais arriscada da sua carreira). E tal como todas as viagens, há um caminho com início e fim - mais do que singles individuais, as canções do álbum funcionam em grupo e transportam-nos, verso após verso, para o mundo criado por Madonna.

No final há apenas uma pergunta: quem é a "Madame X"? "Eu sei o que sou e o que não sou", responde Madonna, em português, no tema "Killers Who Are Partying".

"Madame X": Canção a canção

"Medellín"

É ao lado de Maluma que Madonna abre o seu novo álbum. "Medellín", o primeiro single revelado,destaca-se por ser diferente de tudo o que a 'rainha da pop' já fez: o tema é marcado por uma batida rítmica de reggaeton, a piscar de olho ao mercado latino.

"Medellín" garante a "Madame X" uma abertura com ritmo, apesar de Madonna dividir muito do protagonismo com o artista colombiano.

"Dark Ballet"

O abrandamento do ritmo no final de "Medellín" abre caminho para o segundo tema do disco, "Dark Ballet", revelado uma semana antes do lançamento.

Ao longo de quatro minutos, Madonna deixa várias mensagens fortes e politizadas, envolvidas em batidas que vão ganhando intensidade a cada segundo. Pelo meio, há uma espécie de 'intervalo' com piano e vozes distorcidas, que nos transportam para um mundo de fantasia e futurista, ao mesmo tempo.

"Dark Ballet" fecha com uma mensagem da cantora norte-americana e termina com um sopro: "They are so naive/ They think we’re not aware of their crimes We know/ But we’re just not ready to act/ The storm isn’t in the air/ It’s inside of us/ I want to tell you about love and loneliness/ But it’s getting late now/ Can’t you hear outside of your Supreme hoodie/ The wind that’s beginning to howl?/ It’s a beautiful life".

"God Control"

Depois do sopro final, começa o desfile de "God Control", o tema mais longo do disco, com exatamente seis minutos e 19 segundos. Na letra, Madonna deixa algumas reflexões sobre o estado da democracia, o rumo dos Estados Unidos e o controlo de armas. "Este é o seu chamado de despertar", canta Madonna.

O tema arranca sem qualquer introdução instrumental, com a 'rainha da pop' a atirar-se de imediato aos primeiros versos. O coro de crianças, Tiffin Children's Chorus, abre caminho para o refrão e para uma batida disco.

Madonna desapontada com artigo da New York Times Magazine:

"God Control" fecha com um rap cantado, com o coro de crianças como base para voz de Madonna.

"Future"

Escrito por Madonna, Thomas Wesley Pentz, Brittany Hazzard, Clement Marie Jacques Picard, Marie Laurent Picard e Quavious Keyate Marshall, "Future" é o segundo dueto apresentado em "Madame X" e conta com a participação de Quavos, dos Migos - a produção ficou nas mãos de Diplo.

Na canção que combina pop e rap, a dupla celebra o presente e recorda o passado. "Nem toda a gente pode vir para o futuro", canta Madonna, enquanto Quavo reflete sobre o estado da sociedade nos dias de hoje.

"Batuka"

O quinto tema de "Madame X", "Batuka", conta com a colaboração da Orquestra De Batukadeiras de Portugal, grupo percussionista cabo-verdiano nascido no Bairro do Zambujal, Amadora.  O coletivo, que deverá acompanhar Madonna na sua próxima digressão, abre a canção juntamente com a 'rainha da pop'.

David Banda, filho de Madonna, é um dos compositores de "Batuka", segundo a informação revelada no alinhamento do disco. Na canção, a artista alerta que há uma tempestade a chegar, frisando que há um novo dia a começar.

Em "Batuka", as influências da música de Cabo Verde não passam despercebidas. O tema espiritual é quase como uma resposta às adversidades do mundo.

"Killers Who Are Partying"

É na sexta canção de "Madame X", "Killers Who Are Partying", que Madonna prova que aprendeu algumas palavras em português. "O mundo é selvagem, o caminho é solitário. Eu sei o que sou e o que não sou", canta a norte-americana no refrão da canção.

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No tema, a 'rainha da pop' dá a mão a várias minorias: "serei africana, se África for silenciada", "serei pobre se os pobres forem humilhados", "serei uma criança, se as crianças forem exploradas", canta a artista, em inglês, no arranque da canção. Nos versos iniciais, Madonna reflete ainda sobre o Islão, Israel e o estatuto das mulheres.

"Killers Who Are Partying" conta com letra e produção de Madonna e do francês Mirwais.

"Crave"

Para "Crave", Madonna juntou-se a Swae Lee - o tema foi um dos singles revelados antes do lançamento de "Madame X". A canção é uma das mais imediatas do disco, apostando numa pop eletrónica atual.

As batidas certeiras são um dos destaques do tema, que conta com versos protagonizados apenas por Swae Lee.

"Crazy"

N oitava canção do álbum, Madonna volta a ser a única protagonista. No tema produzido por Jason Evigan e Mike Dean, colaborador de Kanye West, a 'rainha da pop' canta alguns versos em português, debruçando-se sobre uma relação amorosa.

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"Você pensa que eu sou louca" e "eu te amo, mas não deixo você me destruir", canta Madonna, em português, na balada pop, que promete conquistar as gerações mais novas.

"Crazy", que arranca ao som de um acordeão, é talvez um dos temas com mais brilho e cativantes de todo o álbum, deixando de lado a "escuridão" que carimba outras canções de "Madame X".

"Come Alive"

O nono tema abre com batidas fortes, num ritmo acelerado. A canção composta por Madonna, Jeff Bhasker e Brittany Hazzard tem influências claras do kuduro e tem a participação do coro de crianças, o Tiffin Children's Chorus.

O tema de pop eletrónica termina com uma redução lenta do som, dando espaço para o álbum respirar antes de entrar na reta final.

"Extreme Occident"

Ao longo da sua carreira de mais de 40 anos, Madonna sempre usou a sua voz para denunciar os problemas do mundo. E "Extreme Occident" (apenas disponível na edição deluxe do disco) é mais um dos exemplos de que a cantora continua a refletir sobre a atualidade nas suas canções.

Ao longo do tema, a norte-americana confessa que continua à procura da sua identidade. "Aquilo que mais me magoa é que eu não estava perdida", concluí, no final do tema, mais uma vez na língua de Camões.

"Faz Gostoso"

A versão do hit de Blaya é a 11º canção do álbum na versão deluxe. Para "Faz Gostoso", Madonna convidou a brasileira Anitta, num claro piscar de olho ao funk brasileiro e ao kuduro.

"Come Baby, Come Baby/ Move your body/ Tão louca, sua boca", canta a 'rainha da pop' no arranque da canção, que sofreu algumas modificações face ao original da artista portuguesa. Ao longo do tema, Anitta e Madonna vão cantando os versos em português e inglês.

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A versão de "Faz Gostoso" conta ainda com um sample de "Tree & Paper", de Sérgio Bonzanni.

Rodrigo Carmo, Nuno Picoto, Emanuel Oliveira, Luiz Vieira, Mateus Seabra, Karla Regina Francelino Rodrigues (Blaya) são creditados como autores da canção, juntamente com Madonna.

"Bitch I'm Loca"

Depois do funk e do kuduro, em "Bitch I'm Loca", Madonna volta a dividir o protagonismo com Maluma. O reggaeton está em destaque em todo o tema, onde a sensualidade é o ingrediente principal.

"Bitch I'm Loca/ Besa-me en la boquita", canta a 'rainha da pop' na canção com o colombiano.

"I Don't Search I Find"

Já na reta final do álbum, Madonna volta a ficar mais sombria e arranca "I Don't Search I Find" (citação de Pablo Picasso) com uma batida mais 'abafada', que depois dá lugar aos ritmos mais da pop eletrónica.

Madonna

Na canção, a artista confessa que encontrou o amor, a paz e uma nova beleza: "I found peace, i found a new beauty, i found you".

"Looking For Mercy"

"I need to survive, looking for mercy/ Looking for somebody to teach me love", canta Madonna nos versos de "Looking For Mercy", o 14º tema do disco, confessando ainda que, todas as noites, antes de fechar os olhos, perde perdão.

A balada, onde há pequenos sinais da pop eletrónica, vai ganhando força com o avançar dos segundos, terminando com um ritmo mais acelerado.

"I Rise"

"I Rise" fecha o 14º álbum de estúdio de Madonna - o tema foi um dos singles de antecipação do disco. A canção arranca com um discurso forte da artista norte-americana, que confessa que sempre conseguiu ultrapassar as maiores dificuldades: "Died a thousand times/ Managed to survive"

"Madame X" é lançado na próxima sexta-feira, dia 14 de junho.