“A arte livre é tanto uma possibilidade resultante da democracia quanto um agente na sua construção e consolidação” afirmou esta semana, em conferência de imprensa Mara Minhava, vereadora da Cultura da Câmara de Vila Real.

Uma programação vai dar destaque às celebrações dos 50 anos do 25 de Abril com nove propostas artísticas de teatro, música e poesia.

A vereadora destacou a estreia da coprodução da Urze Teatro com o Teatro de Vila Real, “Ir a salto”, que relata histórias da emigração clandestina portuguesa no século XX.

A peça faz uma viagem ao passado, a um período em que ‘a salto’ muitos emigrantes conseguiram transpor clandestinamente as fronteiras portuguesas, mas em que também muitos foram enganados e deixados à sorte por agiotas na aldeia de França, no concelho de Bragança.

Apontou ainda o concerto “Abril – Cristina Banco canta José Afonso”, que terá a Orquestra de Jazz do Douro como convidada em alguns temas.

Mara Minhava advertiu que a programação específica para o 25 de Abril vai ser apresentada em breve e que as iniciativas irão decorrer em vários equipamentos municipais e no espaço público.

Ainda no âmbito da celebração da revolução, o diretor do Teatro, Rui Araújo, realçou o projeto de Sara Barros Leitão, “Guião para um país possível”, que conta os 50 anos de democracia a partir de registos do parlamento, e ainda “Heróis do impossível”, de João Garcia Miguel, a partir de textos de Natália Correia e testemunhos do general Garcia dos Santos, um dos capitais de Abril.

Por fim, elencou “A noite”, de José Saramago, que vai ser interpretado pelo Grupo de Teatro de Jornalistas do Norte, um projeto que vai refletir sobre o futuro do jornalismo.

Outras companhias de teatro de Vila Real associam-se também às comemorações do 25 de Abril, como a Filandorra – Teatro do Nordeste que prevê, durante o próximo mês, realizar 25 sessões do espetáculo “Contar e cantar Abril”, que vai revelar memórias sobre o antes e o depois da revolução, como a ruralidade, o Interior, a emigração ou a guerra colonial, os casamentos por correspondência, as madrinhas de guerra ou a rádio.

A companhia vai percorrer no total 15 municípios do Norte, incluindo Vila Real, com sessões de manhã e de tarde para as escolas e as sessões da noite para a comunidade em geral.

No total, de acordo com a vereadora, o Teatro Municipal programou 40 eventos de abril a junho: 12 peças de teatro, nove concertos, dois espetáculos de dança, quatro conversas de bastidores com artistas, dois workshops e outras iniciativas de agentes culturais locais.

Em Vila Real vão atuar os Capitão Fausto e The Legendary Tigerman e haverá ainda um fim de semana dedicado “à reinvenção da música tradicional” com os projetos Ambria Ardena e Batucada e com Ana Lua Caiano.

No teatro, entram em cena “A rainha da beleza”, das Produções Próspero, “Frida Kahlo”, da Associação Cultural e Recreativa de Tondela (ACERT), e a reposição de “Ibéria – a louca história de uma Península”, da Peripécia que, este ano, celebra também 20 anos.

Por sua vez, o espetáculo “Aprender a dançar”, de Vera Santos, vai celebrar os 25 anos da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo.