Cuidadosamente organizados, centenas de livros alinham-se nas prateleiras da sua biblioteca particular na cidade de Arménia, em homenagem ao maior representante do realismo mágico.

No total, são 379 edições, incluindo a primeira de 1967, a sua favorita.

"É a minha preferida, porque a consegui no México com um livreiro. Foram feitas apenas 8.000 cópias desta edição", conta à AFP este colecionador de 59 anos.

Na sua casa coberta de livros, Salazar mostra as capas dos exemplares mais preciosos, alguns ilustrados com pinturas de famosos artistas europeus.

Descreve-se como engenheiro civil, construtor, colecionador "apaixonado" e admirador de García Márquez, vencedor do Prémio Nobel de Literatura há 40 anos (em 1982).

A coleção começou quando ele tinha 43 anos e, desde então, aproveita cada viagem para ampliar a sua biblioteca dedicada à história da família Buendía e a Macondo, a cidade fictícia em que viviam.

Embora não tenha um certificado, Salazar acredita ter a maior coleção de "Cem Anos de Solidão" existente. Há seis meses, escreveu para os responsáveis do livro Guinness dos Recordes para ser avaliado. A resposta foi que não há um recorde semelhante para ser comparado.

Num catálogo, indexa cada exemplar com os dados mais relevantes e a imagem da sua capa. Cada um deles tem sua própria história.

Jorge Salazar
créditos: AFP

Sorrindo, mostra um livro "pirata" assinado por García Márquez na China para o seu tradutor, quando uma versão oficial ainda não estava em circulação.

Assim como Salazar, os colombianos prestam inúmeras homenagens ao escritor caribenho quatro décadas depois de receber o maior prémio da literatura em Estocolmo, quando proferiu seu memorável discurso "A Solidão da América Latina".

Ao ser perguntado quantas vezes já leu o livro, o colecionador confessa que três "e meia".

"A 'meia' foi na escola, que não terminei (...) não gostei tanto", conta, entre risos.

Em seguida, compartilha outras joias da sua coleção, como um exemplar escrito em russo, que não tem os parágrafos eróticos da história, censurados pelo governo russo a pedido da Igreja Ortodoxa.

O romancista colombiano mais famoso do mundo morreu na Cidade do México em 2014.