Gonçalo M. Tavares fala-nos da nossa condição humana neste início do século XXI. Para o escritor, convidado do programa da realizadora Graça Castanheira (quinta-feira às 23h30 na RTP2), este século é dominado pela crença no signo, mas num signo que perdeu o seu referente material concreto.

Neste sentido, para Gonçalo M. Tavares, o progresso tornou-se essencialmente imaginário e profundamente associado à evolução tecnológica, e não necessariamente à evolução ética. O exemplo por excelência é o das sociedades contemporâneas baseadas na eficácia e no dinheiro, o qual deixou de se referir a um objeto material para se relacionar de forma meramente simbólica ou imaginária com um sistema financeiro.

Esse desprendimento em relação à realidade da matéria e a contínua aceleração provocada pela busca da eficácia técnica resultaram num mundo que se movimenta autonomamente com cada vez mais velocidade.

Gonçalo M. Tavares descreve a decadência da sociedade contemporânea como uma queda, na medida em que, tal como um corpo que cai não escolheu cair, também já não escolhemos a direção que seguimos enquanto sociedade. Resta-nos aceitar a queda e escolher o modo como queremos cair: destemperada ou elegantemente, com calma, como o senhor Calvino de um dos seus contos.

Gonçalo M. Tavares publicou a sua primeira obra em dezembro de 2001. Em Portugal recebeu vários prémios, entre os quais o Prémio José Saramago 2005. Os seus livros estão a ser editados em trinta e cinco países e deram origem a peças de teatro, peças radiofónicas, curtas-metragens e objectos de artes plásticas, dança, vídeos de arte, ópera, performances, projectos de arquitectura, teses académicas, entre outras obras.

O conjunto das onze entrevistas do programa «O Tempo e o Modo» está a ser transmitido pela RTP2, todas as quintas-feiras, pelas 23:30, até ao dia 12 de julho.

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