Em 1984, Kevin Eastman e Peter Laird faziam nascer na banda desenhada as Tartarugas Ninja. Em quase 30 anos, o seu humor, o seu amor por pizza e as suas batalhas contra vilões diversos passaram da BD para a televisão, para o merchandising e até para o cinema, e legiões de fãs seguiram tudo fielmente. Agora, Leonardo, Rafael, Donatelo e Miguel Ângelo estão de volta à televisão com um “look” renovado.

O SAPO esteve à conversa com Kevin Eastman, um dos criadores originais das tartarugas, e com Rich Magallanes, Vice-presidente de animação no canal Nickelodeon, sobre como foi trazer de volta à vida as Tartarugas Ninja.

SAPO (S): Porque decidiram trazer de volta as Tartarugas Ninja?

Rich Magallanes (RM): Parecia a altura perfeita porque nos últimos anos tem havido um ressurgimento dos super-heróis e as Tartarugas Ninja encaixavam na perfeição. São quatro tartarugas adolescentes, são irmãos, não têm super-poderes mas são super-heróis. Juntam comédia e ação e pareciam ter as características perfeitas para o canal Nickelodeon.

S.: Esta é a primeira vez que as tartarugas passam a ser totalmente animadas por computador na série televisiva. Porque quiseram dar este salto?

Kevin Eastman (KE): Se olharmos para este estilo estilizado, na verdade, é muito parecido com o primeiro livro de banda desenhada. As tartarugas tinham quinze anos quando foram pela primeira vez para as ruas, em 1984, na primeira banda desenhada. Tinham bracinhos mais magros, cabeças mais pequenas e pernas ligeiramente maiores. É fantástico que se tenha agarrado nesse conceito inicial e ele tenha sido trazido de volta. As tartarugas são levadas de volta às raízes, voltam a sair dos esgotos para as ruas pela primeira vez e a conhecer pessoas. Para mim foi tudo novo mas, ao mesmo tempo, foi tudo muito familiar.

RM: Queríamos fazer algo diferente e refrescante, que nunca tivesse sido feito antes na série de televisão. Com a animação por computador, pudemos criar um novo mundo, mais complexo. Pensámos em todos os tipos de animação que poderíamos usar e achámos que este estilo era perfeito. É maioritariamente animação feita por computador com uma “vibe” anime mas também com um estilo próximo da banda desenhada.

S.: De onde parte a ação nesta nova série?

RM: Estamos a reapresentar as Tartarugas a um novo público, a uma nova geração de miúdos mas também queremos que os fãs mais antigos, que cresceram a ver a série, gostem. Por isso, voltamos ao início. Começamos a temporada com as tartarugas a viver nos esgotos, sem nunca terem estado à superfície. O seu mestre, Splinter, finalmente deixa-as ir até à superfície por uma noite apenas e isso muda a sua visão do mundo. Elas veem outro mundo pela primeira vez, conhecem a April (O’ Neil) pela primeira vez, comem pizza pela primeira vez, encontram o vilão Krang pela primeira vez...Vivem tudo pela primeira vez e o espectador pode viver isso com elas. Não podemos agradar a todos mas estamos a fazer o nosso melhor para juntar todos os tipos de públicos à volta desta série.

S.: Passaram-se quase 30 anos desde a criação das Tartarugas Ninja. O público nunca as largou...

KE: É espantoso para mim estarmos aqui a falar das tartarugas, 30 anos depois de as personagens terem sido criadas. Não importa o quanto o mundo mudou, o amor dos fãs pelas tartarugas é constante. Às vezes pergunto-me o que fizemos para merecer isto.

S.: O humor continua a ser uma presença constante na série?

RM: Esta série tem uma comédia muito orgânica, com os irmãos e a sua rivalidade mas também com a camaradagem entre eles. Eles estão sempre a meter-se uns com os outros, há muita comédia física. Há momentos em que parecem “Os Três Estarolas”. A série tem ação muito intensa mas depois tem a comédia para a equilibrar.

S.: O elenco de vozes reúne muitos nomes conhecidos...

RM: Para este trabalho, as pessoas apareceram de onde menos esperávamos. Na versão original, Jason Biggs dá voz a Leonardo, Sean Astin a Rafael, Gregory Cipes dá voz a Miguel Ângelo e Rob Paulsen interpreta Donatelo. O Rob Paulsen já dava voz ao Rafael na série de televisão original e é ótimo ver as pessoas a regressar, mais de 25 anos depois. O Gregory Cipes, que cresceu a ver a série, é um fã enorme. O Jason Biggs e o Sean Astin são fãs e vieram até nós para os papéis. Durante as audições, quando encontramos a pessoa certa, há um sentimento imediato na sala de que é aquela pessoa a escolhida. E também se sente logo a camaradagem fantástica que se gera na sala.

S.: Quais são as vossas tartarugas preferidas?

RM: A minha preferida é o Miguel Ângelo. Ele é o tipo que gosta de se divertir, está sempre a fazer piadas e a passar um bom bocado mas, ao mesmo tempo, ele é muito criativo. Apesar dos momentos de diversão, também consegue chegar e salvar o dia.

KE: O meu preferido é o Rafael. Gosto que ele seja muito apaixonado, imprevisível, pode ser um pouco abrasivo e eu também posso ser todas essas coisas, perguntem à minha mulher. Ele também é, para mim, o que dá mais gozo de escrever.

@Inês Gens Mendes