A explicação é dada por Almeida Contreiras, um dos militares do Movimento das Forças Armadas (MFA), no livro “Os Capitães – A Conspiração e o Golpe”, dos jornalistas Luís Pinheiro de Almeida e Rui Cabral, que chega às livrarias na próxima semana e será apresentado em 12 de abril por Rodrigo Sousa e Castro, militar de Abril, na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa.

É Almada Contreiras que conta o que se passou com a transmissão da senha do golpe na Rádio Renascença e que dava a “ordem” de saída das tropas dos quartéis, às 00:25 de 25 de 1974.

“À hora da transmissão aconteceu um percalço: o locutor introduziu um tema de Tony de Matos, mas, após alguns momentos de tensão, o técnico Manuel Tomás interrompeu a canção e pôs a bobina certa”, recordou, no livro, 30 anos depois de ter contado, na revista “25 de Abril – memórias”, publicada pela agência Lusa em 1994.

“Escolhi a Grândola, em primeiro lugar porque sou alentejano, depois porque gosto muito da canção. Se fosse minhoto, provavelmente a senha teria sido um ‘vira’”, recorda o então capitão-tenente da Marinha, então com 30 anos.

Admite que não inventou nada e que se inspirou no Chile e no sinal dado pelas forças democráticas, durante a ditadura no Chile, através de uma rádio – era um tango de Carlos Gardel e “com a leitura da primeira estrofe como sinal”.

A primeira proposta, do tenente-coronel Santos Coelho, era outra canção de Zeca – “Venham Mais Cinco” – mas que estava proibida na Rádio Renascença.

“Foi então que puxei pela minha costela alentejana e sugeri ‘Grândola’, que foi imediatamente aceite. Além disso, era amigo de Zeca Afonso. O importante era dar um sinal credível às tropas e, ao mesmo tempo, não comprometer as questões de segurança. Não estou nada arrependido de ter escolhido a “Grândola”. É uma canção bem bonita”, recordou

O livro “Capitães de Abril”, editado pela Edições Colibri, com o apoio da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e da agência Lusa, é da autoria dos jornalistas Luís Pinheiro de Almeida e Rui Cabral, chega às livrarias na próxima semana e será apresentado em 12 de abril por Rodrigo Sousa e Castro, militar de Abril, na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa.