A artista, que inaugurou os concertos no Castelo de Sines, na quarta-feira, reconhece que o seu segundo álbum, “Kebrada”, lançado em 2017, acabou por ser “um disco muito crítico”, mas destaca que foi “sem intenção” e que até só reparou nisso no final.

“Abordei vários assuntos que, para mim, são prioridades: tem muita morte da camada juvenil na guerra de grupos rivais, de gangues. Isso tem de parar, é urgente mesmo, não podemos continuar ao perder vidas assim tão jovens desta forma”, defendeu, em entrevista à Lusa, no final do concerto em Sines.

Antes de interpretar “Kontam”, Elida Almeida lançou um apelo ao público: “Digam não à violência doméstica.” Estava, assim, apresentada a segunda inquietação. “Temos muita violência doméstica em Cabo Verde” e é “abafada”, porque “as mulheres não dizem, não denunciam”, realçou, em conversa com a Lusa.

O álbum “Kebrada” – que remete para as origens da cantora, nascida em 1993, numa aldeia sem estradas nem eletricidade no concelho de Santa Cruz, no interior da ilha de Santiago – foi “muito bem recebido” em Cabo Verde e já foi apresentado em cinco das ilhas do arquipélago.

O videoclip de outra canção, “Grogu Kaba”, foi filmado no bairro da Cova Moura, no concelho da Amadora. “Não fazia ideia como vivem Cabo Verde, a cada esquina tem torresmos, tem grogue”, descreve.

A Cova da Moura é “Cabo Verde dentro de Portugal”, considera. “Foi uma experiência fixe”, resume a cantora, que, durante o concerto no Castelo de Sines, desafiou uma mulher da assistência para dançar batuque, perguntando se ela tinha comido cachupa suficiente. “Uma verdadeira cabo-verdiana tem de saber fazer cachupa”, diz, rindo.

Elida Almeida está em digressão desde março e já passou por Estados Unidos, Canadá e vários países da Europa.